quarta-feira, 4 de outubro de 2023




Ensino e desenvolvimento económico

O futuro são os jovens


Respondendo a um requerimento da CDU, o executivo municipal forneceu uma série de dados sobre o universo escolar concelhio, alguns dos quais intrigam. Sendo certo que o futuro são os jovens, há sempre a secreta aspiração de que venham a ser melhores que os actuais instalados no poder. Não que estes sejam maus de todo. São pelo contrário excelentes pessoas, honestas e de boa companhia. Padecem contudo, regra geral, de duas desvantagens maiores -fraca bagagem humanística e manifesta incapacidade de auto-avaliação serena.
É óbvio que a segunda resulta da primeira, e esta do nosso modela de ensino, que tende a formar alunos pouco tolerantes, egocêntricos e incapazes de reconhecer erros próprios ou competências alheias. Sendo desanimador, é o que temos tido, nada indicando que venha aí grande mudança. Somos avessos.
Há em Tomar, como devia ser do conhecimento geral, mas não se sabe se será, dois agrupamentos escolares -Nuno de Santa Maria, sediado no velho Liceu, e Templários, na antiga Escola Industrial e Comercial de Tomar, outrora de reputação nacional e com imponentes oficinas para formação, que ainda existem, mas nunca foram aproveitadas pelo centro de formação profissional do IEFP. Hábitos de países ricos, à custa das esmolas de Bruxelas.
Nos rankings nacionais publicados anualmente, ambos os agrupamentos destoam um bocadinho da região, aparecem lá para o meio da tabela, na casa dos trezentos, com Santa Maria melhor que Templários. Os dois muito longe porém dos resultados de Ourém ou Leiria, com escolas nos primeiros dez lugares da tabela nacional.
Neste quadro algo desanimador, Tomar a dianteira 3 ficou a cogitar nalguns dados do documento citado no início. Santa Maria e Templários têm praticamente o mesmo número de alunos, à roda de dois mil cada, sendo que ainda assim surgem diferenças significativas. Esta por exemplo: No pré-escolar, 1º e 2º ciclos, o agrupamento Templários tem mais 225 alunos inscritos que Santa Maria, mas no 3º ciclo e secundário acontece o oposto. É Santa Maria que regista mais 228 alunos que o outro agrupamento. Porquê? Quais são as origens e as consequências?
Outro dado curioso, refere-se à colocação de professores, que continua a ser uma tarefa do ministério da Educação. Enquanto em Santa Maria não havia vagas docentes, à data de 18 de Setembro, no agrupamento Templários ainda faltavam 10 professores e havia 41 turmas com menos um docente, contra zero turmas em Santa Maria.  Tão perto e tão diferentes.
Tudo situações fruto do acaso? Seria demasiada coincidência. Conforme dizem os índios do Ceará "Eles que são brancos, que se expliquem." Tomar a dianteira 3 limita-se a seguir o que dizia a velha música de intervenção: "O que faz falta é avisar a malta".


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