sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Um esclarecimento encriptado


Chocou muitos dos que gostam realmente da cidade antiga e das suas multicentenárias edificações a instalação de uma modernaça rampa de acesso para menosválidos do lado direito da fachada dos Paços do Município. Já aqui foi avançado que a solução ideal terá de ser nas traseiras do edifício. Perante os protestos, a senhora presidente, em vez de esclarecer a população por meio de um comunicado, preferiu fazê-lo mediante declarações a um semanário local, assim discriminando o outro. É uma maneira ardilosa de evitar "dar o braço a torcer".
Lendo com atenção a "reportagem" que acima se reproduz, chega-se à conclusão que a câmara tem por vezes um comportamento de gaiato. Admite ter agido contra o parecer da autoridade competente na matéria -a DGPC, por se tratar de um edifício classificado- mas tenta justificar-se. Adianta que há um projecto para uma solução mais aceitável, com um ascensor nas traseiras, mas custa mais de 300 mil euros, montante incomportável para as actuais finanças municipais. Refere que a actual é um remedeio, uma solução provisória, que poderá ser removida quando necessário. Por ocasião da Festa dos Tabuleiros, por exemplo. Reconhece portanto que se trata de uma autêntica nódoa a sujar a alva fachada. E que está sujeita a eventuais penalizações da parte do Ministério da Cultura, que tutela a DGPC. Quanto mais não seja para lhe lembrar que a Lei é igual para todos.
Diz mais, a senhora presidente, que a rampa foi feita pelos carpinteiros da autarquia, o que manifestamente coloca uma dúvida. Sendo uma parte importante da engenhoca em ferro, com corrimão em aço inoxidável, uma de duas: ou houve participação exterior, ou os carpinteiros municipais são também serralheiros e metalúrgicos...
Há porém uma outra hipótese -a chamada imprecisão jornalística. Isto porque é dito logo na primeira frase do primeiro parágrafo que a câmara colocou "uma rampa no exterior dos Paços do Concelho tornando o edifício acessível para todos os que ali se dirigem."
Sucede que tal não corresponde à verdade no que concerne ao "edifício acessível para todos", conforme se reconhece implicitamente na última frase: "Por resolver continua o acesso a outros serviços da câmara que funcionam no 1º e 2º andares."
Em contrapartida, andou bem o jornalista de serviço ao referir, no antepenúltimo parágrafo, que "As duas rampas são mesmo acessíveis..." Desde as obras paivinas de melhoramento da Estrada do Convento, que afinal em vez de melhorarem, pioraram o trânsito de acesso àquele monumento, quando oiço falar em requalificar ou equipar qualquer coisa em qualquer sítio, interrogo-me logo: Será mesmo para melhorar, ou só para complicar e arrecadar? Afinal de contas, estamos em Tomar.

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