Estou de novo em Fortaleza. São aqui quase cinco e meia da manhã, oito e meia em Tomar. O mar. esse oceano que nos é comum, fica aqui ao lado e a temperatura é de 26º. Logo mais, é noite de fim ano. Véspera de Ano Novo, que oxalá seja Ano Bom para todos.
Boa ocasião, parece-me, para tentar esclarecer, uma vez mais, alguns mal entendidos. O primeiro dos quais é o que se refere à minha escrita. Concidadãos que agora não me apraz qualificar, se calhar medindo os outros em função de si próprios, vêm demonstrando que me consideram um inimigo. Alguém que escreve com má intenção, só para prejudicar. Pois estão errados. Antes de mais, porque não quero mal a ninguém. Depois, porque se escrevo é exactamente com a intenção oposta -contribuir na medida do possível para que as coisas melhorem. Finalmente porque, não sendo sádico mas tão pouco masoquista, seria para mim bem mais fácil e confortável remeter-me ao silêncio. Afinal trairia apenas um dos meus deveres de cidadania, que é o de dizer o que está mal.
Julgo que só por inveja e despeito alguns, muito poucos felizmente, me atribuem gratuitamente sentimentos que não alimento. Se pensassem um pouquinho mais, concluiriam que, tudo devidamente ponderado, o nosso amigo verdadeiro não é aquele que nos diz aquilo que gostamos de ouvir, sabe-se lá com que intenção oculta. Pelo contrário, o amigo leal é quem nos diz as coisas como elas são, ou pelo menos como ele as vê, mesmo contra ventos e marés. Exactamente porque daí não espera colher qualquer benefício pessoal.
Pego no caso dos funcionários municipais, que bastas vezes critico directa e indirectamente nestas páginas. Apressadamente, consideram-me um inimigo mal intencionado, que intenta prejudicá-los. Com que fito faria eu isso? Já não necessito de empregos públicos ou privados e, quando necessitei, sempre fui admitido mediante prévio concurso público. Tão pouco necessito de colocação para os meus familiares, um dos quais é funcionário superior noutra autarquia da região. Por conseguinte, que ganharia eu escrevendo para irritar e/ou penalizar os funcionários da autarquia tomarense?
No meu entender, a situação é outra e resulta da minha angústia. Como cidadão eleitor estou na desconfortável posição de ver a cidade e portanto todos os seus habitantes -com relevo para os funcionários municipais- a caminhar para o abismo, o que me leva a procurar, por todos os meios legais ao meu alcance, evitar enquanto é tempo o triste mas inevitável desenlace, caso entretanto nada de acertado seja feito.
Falando frontalmente, quem se interesse e tenha capacidade para entender os problemas tomarenses, sabe perfeitamente que o município tem excesso de funcionários, que os funcionários em excesso se situam nos escalões superiores e que as sucessivas gestões políticas só ainda não procederam à ìnevitável vaga de dispensas por dois motivos centrais: 1 - Porque a lei vigente tal não permite; 2 - Porque isso provocaria acentuada perda de votos, fundamentais num meio pequeno.
É porém evidente que mais cedo que tarde terá de ser encontrada uma solução para o problema, pois nenhuma autarquia pode duravelmente dispender mais de 40% do seu orçamento com despesas de pessoal, e mesmo assim ter falta de mão de obra qualificada. Entre os 308 municípios portugueses, já integramos o muito reduzido grupo dos 35 com maiores despesas com pessoal, conforme já aqui foi documentado. Por conseguinte, em vez de se virarem contra mim e contra aquilo que escrevo, os senhores técnicos superiores e outros que nem tanto, farão melhor virando-se para a realidade e procurando na medida do possível outras colocações futuramente menos atribuladas que os empregos municipais tomarenses. Não se esqueçam que na década de 2005-2015 o concelho perdeu três mil habitantes. E por este caminho, não é preciso ser bruxo para antever o futuro sombrio que nos espera, a todos os que amamos esta terra e gostamos dos seus habitantes.
Feliz Ano Novo!
Meu caro Dr. António Rebelo, o grande problema é que em Tomar, é tudo muito parece que é, mas não é, a esmagadora maioria das pessoas desconhece os assuntos, julgando sempre pela rama, os assuntos as coisas e as pessoas, depois são sempre diferentes e na maioria dos casos bem pior.
ResponderEliminarDepois nunca suportam, que alguém lhes aponte os erros e mais lhes custa ainda, quando isso é de borla e sem dependências, disto ou daquilo, como é também o seu caso.
Boa estadia por aí e vá nos brindando, com as suas análises sobre Tomar.
Bom Ano 2017.