Jornalista honesto e de fino quilate, nesta questão da rampa-nódoa municipal, Manuel Subtil conseguiu mais uma vez avançar a sua visão das coisas de modo sibilino. Atente-se neste longo e burilado parágrafo, que faz parte da "reportagem" reproduzida no texto anterior: "Esta rampa vai terminar com o facto de, muitas vezes, os funcionários da edilidade terem de se deslocar ao exterior do edifício para atenderem os munícipes com mobilidade reduzida em geral, e aos de cadeiras de rodas em particular."
Temos assim que a rampa terá sido instalada também para facilitar a vida aos cidadãos menosválidos em termos de locomoção, mas sobretudo para evitar incómodos aos funcionários municipais da primeira linha -os que são obrigados a atender o público. Compreende-se o gesto camarário. Votos são votos, os funcionários são numerosos, e não há maior incómodo para um integrante do Império dos sentados (mesmo no escalão inferior) do que ser forçado a atender os munícipes em pé e, imagine-se!, no exterior do edifício. Onde já se viu uma coisa assim?!
Quanto aos eleitos, incluindo os senhores deputados municipais, terão de continuar a atender os inválidos no exterior. Designadamente ouvindo as eventuais reclamações deles, por não poderem assistir nem às reuniões camarárias, nem às sessões do parlamento municipal, que a todos representa.
Mas compreende-se a atitude da senhora presidente. Deve ter lido na Constituição que somos uma República "a caminho do socialismo". E no socialismo somos todos iguais. Embora haja sempre uns mais iguais do que outros. neste caso os integrantes do Império dos sentados. Haja saúde, que a do país já é pouca. E por este caminho...
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