segunda-feira, 27 de março de 2023

Tomarenses 

Os cidadãos ouriços e maus adeptos

As novas tecnologias da informação trouxeram muitas vantagens, tanto a quem escreve como a quem lê. Uma delas é que permite aos dissidentes pouco adaptáveis a certas práticas, como por exemplo lamber botas, continuar a escrever via internet, mesmo quando os visados com alma de ditador fazem o possível para os silenciar. Outra é a contagem imediata. Cada autor pode saber a cada instante quantos leitores já teve nos seus sucessivos escritos. Embora ter cem ou mil pessoas a ler seja rigorosamente a mesma coisa, para quem sempre se recusou a negociar a sua escrita.
Daí a estabelecer uma relação entre o que se escreve e quem lê, é um pequeno passo que logo se dá. Aqui no Tomar a dianteira permitiu 3 chegar a uma curiosa conclusão: os leitores tomarenses são do tipo ouriço. Pessoas evoluídas, habituadas à leitura recreativa, perante algo que não lhes agrada, "enrolam-se" como os animais de picos. Recusam-se a ler. Não querem ver.
São como os maus adeptos desportivos que temos. Quando o clube do coração está a perder, abandonam o estádio para não ver desgraças, justamente quando  a equipa mais precisava de apoio. Na base destes dois comportamentos convergentes parece estar uma permanente atitude de intolerância, alicerçada num mau ensino dito de esquerda, que inculcou ideias abstrusas como "moralmente superior", "sentido da história", "linha justa" ou "classe operária". Daí resulta que os da geração mais qualificada de sempre, são também, regra geral, os mais intolerantes de sempre. Recusam-se a mudar, e como os outros escrevem coisas que não lhes agradam, sem que os possam impedir, deixam de ler, tal como abandonam o estádio quando o clube está a ser castigado.
No Tomar a dianteira 3 é nítido, tanto no blogue como no Facebook, que quanto mais se denunciam os grosseiros erros camarários, menos leitores há. Se calhar convencidos de que, não lendo, a repercussão vai ser menor, uma vez que se consideram o centro do mundo. E se o centro do mundo não lê, o texto simplesmente não existe. Para eles, claro. 
Depois admiram-se de estar cada vez mais a ser penetrados sem vaselina. Nunca ouviram dizer, ou não leram porque não lhes convinha, que gente informada é menos "enrabada", porque já está de sobreaviso. (Peço desculpa pelo palavrão. Podia dizer de outro modo. Mas não seria bem a mesma coisa.)



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