Política local
Vai ser um parto muito difícil
na Assembleia Municipal
Refiro-me ao debate, e posterior votação, do Orçamento e Plano para 2023. Um parto que só pode ser muito difícil. E oxalá não venha a nascer mais um nadomorto, quando a cidade e o concelho precisam é de vitalidade. Muita vitalidade. E ideias fecundas.
Como habitualmente, a oposição vai criticar fortemente os documentos apresentados pelo executivo, mas desta vez com especial virulência, por alguns deputados municipais se terem dado conta das contradições contidas nos mesmos. Quanto ao turismo, por exemplo, há duas referências no plano: "Na economia local, o turismo tem alavancado a criação de novos empregos, promove a visibilidade de outros setores da economia e dá evidentes sinais de retoma" (página 26). "No desenvolvimento económico destaca-se a importância dada ao turismo, à Festa dos tabuleiros 2023 e ao conjunto de eventos, cujo montante alocado é expressivo em termos orçamentais." (página 49)
Temos assim que a maioria autárquica parece considerar o turismo um dinamizador de emprego e um bom veículo publicitário para outros setores económicos, pelo que mais adiante destaca a importância dada ao turismo no desenvolvimento económico. Pois apesar disso tudo, não há no Plano qualquer ação ou obra na área do desenvolvimento turístico local. Nem sequer uma alusão ao indispensável e urgente "Plano local de desenvolvimento turístico". Se calhar por não saberem a quem o encomendar, uma vez excluído quem os critica. Ou por não encontrarem quem aceite fazer. A falhada candidatura dos tabuleiros já deixou marcas indeléveis.
A situação é de tal modo grave, que já não se circunscreve só às inexistentes estruturas de acolhimento de última geração. Tendo o PSD e o Chega apresentado propostas para a construção de novo parque de campismo, a maioria PS não as aceitou nem incluiu no orçamento. Limitou-se a incluir nos anexos, porque a isso está obrigada pela legislação em vigor.
Perante tal série de críticas fundamentadas, é quase certo que os socialistas-costistas vão passar ao ataque, como é habitual. Alegarão que a oposição foi ouvida, e algumas das suas propostas foram aceites, mas que também nada apresentaram de relevante na área do turismo. Sendo verdade, é todavia apenas uma parte da verdade.
Resulta, da leitura dos documentos, que os representantes da oposição na AM foram ouvidos, mas apenas para cumprir a Lei. Prova disso é que a maior parte das suas propostas não foram acolhidas e, pior ainda, foram enganados, e de que maneira. Foi-lhes dito que se previa um orçamento entre 42 e 43 milhões de euros, pelo que deviam calibrar as suas propostas em conformidade. Uma asneira intencional e monumental. O orçamento municipal para 2023 é de quase 52 milhões (51.660.700€), mais 9 milhões do que o anunciado à oposição. Porquê? Se já é difícil colaborar com a atual maioria em circunstâncias normais, com informações falsas pelo meio torna-se quase impossível.
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