sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Funcionários municipais e antigos combatentes

Para os amigos tudo.
Para os outros aplica-se a lei.

https://omirante.pt/opiniao/2022-12-30-A-Municipalizacao-da-Educacao-5fd7cf76

Quando a Câmara de Tomar se prepara, finalmente, para organizar concursos públicos para provimento dos lugares de chefe de divisão e de director de serviços, há anos ocupados em regime de substituição, parece útil aconselhar a leitura da crónica semanal de Santana Maia Leonardo, n'O Mirante online. (ver link supra). 
Entretanto, tendo sempre presente que o Município de Tomar é, sem sombra de dúvida, uma pequena ilhota de honestidade num oceano de pouca vergonha, porque outra coisa seria inimaginável, visto que o lema da casa é "Para os amigos tudo, para os outros aplica-se a lei", eis dois excertos da tal crónica, para aguçar o apetite, uma vez que a leitura de Tomar a dianteira 3 é geralmente pouco apetitosa e de difícil digestão, sobretudo para os honestos servidores  públicos tomarenses, sempre acima de qualquer suspeita. Era só o que faltava!
"Ora, sendo do conhecimento público que a contratação de pessoal das autarquias, mesmo por concurso público, é totalmente viciada, ao ponto de se saber sempre quem ganha o concurso antes dele se realizar..."
E, antecipando-se aos costumeiros protestos indignados dos senhores eleitos e funcionários, que insistem em considerar que os cidadãos são todos néscios, acrescenta Santana Maia Leonardo: "E não vale a pena os hipócritas fingirem-se escandalizados com o que acabo de afirmar, porque toda a gente sabe que é assim que as coisas funcionam. E não só nos concursos. É em tudo." Este "É em tudo" mostra bem a bela realidade tomarense.
Na tal ilhota de honestidade num oceano de pouca vergonha, para não irmos mais longe, há ex-Flecheiros isentos do pagamento de renda de casa, e até uma escola profissional que acaba de conseguir a isenção permanente do pagamento da modesta renda mensal de 2.600€. Já os antigos combatentes e respectivas viúvas, apesar do direito permanente a transporte público gratuito, atribuído expressamente pelo governo, têm de pagar 30 euros anuais e submeter-se ao beija-mão mensal nos serviços municipais de atendimento, para poderem circular na vastíssima rede de transporte dos TUT.
Mas estão isentos de usar uma estrela vermelha ao peito, cozida no vestuário, com a inscrição "Combatente na guerra colonial", bem como uma coleira em plástico vermelho, com uma chapa metálica numerada, a fornecer pela autarquia. Por enquanto?
É o zelo antifascista, da rapaziada que tinha dez anos ou menos ainda, na altura da guerra no então ultramar. O autor destas linhas, por exemplo, andou de arma na mão no norte de Angola, entre 1963 e 1965 (CCAÇ 593/R.I.7). Que idade tinham os agora autarcas nessa altura? 
Acresce, por ser ainda mais triste, se tal é possível, que a maioria autárquica autora da evidente falta de estima pelos antigos combatentes e viúvas, tem entre os seus membros um militar de carreira, na situação de reserva, que pelos jeitos não viu nada de mal no caso dos seus antigos camaradas de armas. Ou viu, mais achou mais prudente o silêncio? Isto é que é uma terra!
Feliz ano ano novo, mesmo assim.

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