quarta-feira, 7 de dezembro de 2022


Informação local

Até me assustei

Habitual mão amiga enviou-me o Cidade de Tomar online. Fiz imediatamente a costumeira leitura em diagonal, ao logo da qual anotei duas notícias, novas como o nome indica, e curiosas. Uma implícita, outra explícita. Começando por aquela, trata-se da inauguração de um hotel de 5 estrelas no Claustro do Rachadouro, no Mosteiro de Alcobaça.

Alguns jornalistas aproveitam o ensejo para recordar que, quando nos anos 80 do século passado, se aventou a hipótese de uma pousada no ex-hospital militar, no Convento de Cristo, o protesto foi grande. Mas esquecem-se de acrescentar que nessa altura também foram contra, estando agora resolutamente a favor.

Há duas maneiras de ver as coisas, ambas fundamentadas na tradição. Uma consiste em lembrar que não há contradição digna de reparo porquanto, como bem diz o povo, "só os burros é que não mudam". Outra, menos benigna, traz à liça as tradições ancestrais tomarenses, entre as quais avulta a inveja. Confrontados com a recente inauguração hoteleira em Alcobaça, mesmo os mais ferrenhos adversários da pousada, pensaram logo para com os seus botões: -Ai os gajos de Alcobaça conseguiram um hotel de 5 estrelas no Mosteiro? Pois vamos já reivindicar um de 6 estrelas no Convento. Rapidamente.

A outra notícia, a explícita, está na página 31 do Cidade de Tomar , versando sobre a baguete "património imaterial da UNESCO". Nela se pode ler isto: "Mais do que o produto em si, a UNESCO premiou a forma particular de preparar, amassar e assar a baguete". Fiquei estarrecido. Vivi uma dezena de anos em França, comi muita baguete, muita ficele, muito "vienois", muito bastardo e muito pão rústico, mas sempre convencido que era tudo cozido no forno. E vêm-me agora com esta de "assar a baguete"? Bem sei que ninguém pára o progresso, e que está tudo mudando, até o sexo com que se nasce. Mas mesmo assim.

Meio assustado, fui consultar na origem e lá encontrei, tradução minha: "O tempo de cozedura da baguete varia entre 20 e 30 minutos." Tempo de cozedura e não de assadura. Que alívio! A baguete ainda é feita como sempre foi! Já pensaram no que seria um leitão cozido no espeto?

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