segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Turismo e eventos

Outra vez a candidatura dos Tabuleiros 

e as esperanças camarárias

https://radiohertz.pt/tomar-camara-revela-expetativa-de-ver-festa-dos-tabuleiros-como-patrimonio-cultural-imaterial-nacional-antes-da-proxima-festa/

Compreende-se a visível atrapalhação da vereadora do turísmo e cultura. "Estavas tu linda Inês posta em sossego..." e vieram os vilões social-democratas "new style" com as suas interpelações inoportunas. Isto dantes não era nada assim, e daí resultaram dois pequenos desastres, num só episódio. Por um lado, é sempre incómodo quando um responsável pela cultura revela dificuldades com a língua pátria, e Filipa Fernandes, num tom nervoso,  desta vez derrapou. Disse "tânhamos", em vez do correto tenhamos.  Não é muito grave, mas soa sempre mal, e denota origem rural, falta de chá na infância e adolescência, mesmo numa voz educada e bonita.

Além da escorregadela linguística, insistiu a vereadora em prolongar o equívoco da classificação dos tabuleiros, fazendo lembrar uma velha situação do teatro de revista dos anos 50 do século passado. Os galegos são espanhóis, mas usam o português como língua materna, com algumas diferenças. Uma delas é a pronúncia da consoante J, que os espanhóis dizem Gota e nós Jota, enquanto os galegos preferem Xota.

Dessa particularidade resultaram várias situações cómicas, quando durante e depois da guerra civil espanhola (1936-1939), muitos galegos vieram trabalhar para Portugal, em busca de melhores condições de vida. Até tivemos em Tomar um exemplo dessa imigração. Durante muitos anos o Café Pepe, na Praça da República, foi propriedade de dois irmãos galegos, o Afonso e o Orlando Alvarez, ambos já falecidos. Outros tempos.

A dada altura, num desses cafés lisboetas gerido por um galego, entram três clientes e um deles pergunta: -Tens café pronto? (Na altura ainda vinham longe as agora corriqueiras máquinas italianas, pelo que o  café era feito em grandes cafeteiras, o que justifica a pergunta do cliente.) -Tenho sim patrão, respondeu o galego. -Pois então traz lá três cafés bem quentes. -Vai Xá patrão. -Ó homem não é chá, é café! Tens café ou não ? -Tenho sim senhor, vai Xá patrão!

A questão da candidatura dos tabuleiros a património imaterial da UNESCO é algo semelhante. A oposição new style vai perguntando, como lhe compete, e a vereadora Filipinha vai respondendo por cima da barra, ou rente ao poste, mas do lado de fora. Desta feita o vereador Carrão queria saber quais as causas de tanta demora, uma vez que a candidatura tomarense é de 2019 e continua em banho maria, enquanto outras mais recentes já foram aprovadas.

A senhora vereadora, seguindo o livro de estilo da maioria PS, foi falando de vagos e complicados estudos, pedidos pela DGPC e agora já concluídos pelos serviços municipais de turismo e cultura, após contratação de um técnico superior antropólogo, por acaso o mesmo que elaborou a morosa candidatura, sem nunca dizer claramente quais foram, preto no branco, as exigências da DGPC. De simples bom senso? Exorbitantes? Inevitáveis face às lacunas da candidatura? Não se sabe, e a senhora vereadora também não esclareceu. Lá saberá porquê.

Perante a insistência do PSD, que está no seu papel, voltou a manifestar a esperança de que os tabuleiros possam ser inscritos na lista do património imaterial nacional, antes da próxima edição da festa, omitindo dois dados importantes, que podem alterar a situação. O primeiro é que, a seguir à aceitação formal da candidatura pela DGPC, segue-se obrigatoriamente um período de consulta pública, para recolher eventuais reclamações. Só depois ocorrerá ou não a inscrição no inventário nacional do património imaterial. Depende do resultado da consulta pública.

O segundo é ainda mais condicionante. Estipula que só depois da inscrição no inventário nacional, poderá haver uma candidatura dos tabuleiros na UNESCO, sem qualquer garantia de aprovação. Conforme já aqui foi escrito anteriormente, citando informações de fonte credível, ainda não desmentidas, nesta altura são poucas as hipóteses de aprovação da candidatura dos tabuleiros pelo competente comité da UNESCO, por ser considerada uma festa machista, devido ao facto de só as raparigas levarem os tabuleiros à cabeça. Como ultrapassar a situação? Eis a questão. Mas dela a vereadora não falou.

As declarações aproximativas  e por isso nada esclarecedoras da senhora vereadora, em vez de simplificarem, só complicam. Baralham. Criam falsas expetativas, assim prolongando o equívoco. Com que intuito? Na autarquia já devem saber há muito que, como diz o povo, "Apanha-se mais depressa um mentiroso do que um coxo." Mas talvez seja só para ir entretendo o pessoal, à falta de melhor.


Sem comentários:

Enviar um comentário