sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

 

Imagem copiada da net

Autarquia - Centro mágico de Natal

Queimar dinheiro contra ventos e marés

Contra ventos e marés, sem cuidar se há crise ou não, a srª presidente levou a dela avante, como sempre. Temos na Praça da Câmara um triste espetáculo, durante 24 partes de dia. As poucas crianças cujos pais residem no concelho, mais algumas dos concelhos vizinhos, com os pais igualmente com afigurações, vão poder divertir-se numas coisas copiadas dos filmes americanos, a dois euros por viagem nalguns casos. Ou a câmara também está a oferecer senhas gratuitas de viagem aos mais necessitados, aos ciganos, por exemplo?

215 mil euros por 24 dias, são 8.958 euros por dia, que custa aquela brincadeira para as criancinhas se divertirem. Mesmo ao lado, a menos de 50 metros, há ruas a precisar de novo pavimento, esgotos primitivos de canal único, que no inverno põem a ETAR a tratar sobretudo água da chuva, água distribuída por canalizações de amianto concerígeno, há muito proibido na União Europeia, sarjetas da idade média, sem sifões nem desinfecção semanal. Tudo isto no núcleo do centro histórico. A dois passos dos Paços do concelho. Imagina-se com será por esse pobre concelho fora.

Quando aqui há anos, ainda havia SMAS-Tomar, se perguntou ao seu director técnico para quando as indispensáveis e urgentes obras, a resposta foi lapidar: -As obras estão previstas para quando houver dinheiro. Há quase dez anos seguidos no poder, uma senhora eleita numa lista socialista, pelos jeitos ainda não conseguiu arranjar o tal dinheiro, embora já tenha ajudado a espatifar muito mais.

Entretanto já queimou, por exemplo, mais de 20 milhões de euros em subsídios, festarolas, eventos e companhia. A que convém acrescentar mais uns dois milhões para aquele "museu de coisa nenhuma", ou "museu do que calhar", à escolha, ali atrás dos bombeiros.

A senhora presidente parece não se dar conta, mas os tempos estão mesmo cada vez mais difíceis. A título comparativo, estou a escrever de uma metrópole de 2,5 milhões de habitantes de um país pobre, mas que é só a 9ª economia mundial, e não há cá esses centros mágicos de Natal, ou semelhantes. Umas iluminações, uns espectáculos, e vais com sorte.

De resto, Anabela Freitas deve ter consciência de que o ambiente local começa a ser-lhe menos acolhedor. Normalmente seria a Filipinha das festarolas e das farturas a desfilar e a inaugurar a folia natalícia. Mas não. Foi a própria presidente que avançou, com a sua vereadora calada e discreta, coisa rara por essas bandas.

Outro elemento a ter em conta, porque não há fumo sem fogo. Apareceu no Tomar na rede um comentário assinado "Justiceiro", no qual se pergunta quando se demite, e ameaçando com revelações embaraçosas. Não o reproduzo aqui porque sou contra tal prática, que condeno com toda a veemência, mas pareceu-me assaz importante pela novidade para a mencionar. É com diz o povo, na nova versão do provérbio tradicional: "Quem tem telhados de vidro, pode acordar com um corno partido." Oxalá que não, apesar de tudo.

Sem comentários:

Enviar um comentário