quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Convento de Cristo do lado poente.

Politica local - Orçamento

Um parto muito difícil 

na Assembleia Municipal - 2

Indícios convergentes, parecem mostrar que um excerto, aqui publicado há dois dias, provocou algum alarido local. Eis o troço em questão:

"Resulta, da leitura dos documentos, que os representantes da oposição na AM foram ouvidos, mas apenas para cumprir a Lei. Prova disso é que a maior parte das suas propostas não foram acolhidas e, pior ainda, foram enganados, e de que maneira. Foi-lhes dito que se previa um orçamento entre 42 e 43 milhões de euros, pelo que deviam calibrar as suas propostas em conformidade. Uma asneira intencional e monumental. O orçamento municipal para 2023 é de quase 52 milhões (51.660.700€), mais 9 milhões do que o anunciado à oposição. Porquê? Se já é difícil colaborar com a atual maioria em circunstâncias normais, com informações falsas pelo meio torna-se quase impossível."

Visivelmente irritada, o que se compreende mas lastima, a sra. presidente já veio a público esclarecer que houve realmente alteração do orçamento, provocada por novas e imprevistas despesas, com por exemplo o aumento da energia e dos combustíveis, as ajudas sociais, o crescimento da massa salarial, e assim sucessivamente. 

De acordo. Trata-se porém de mais um recurso de última hora, para desviar o foco da questão. Conforme resulta claramente do excerto republicado acima, nunca se pôs em causa a legitimidade da alteração do orçamento. Contestou-se tão só um duplo esquecimento de Anabela Freitas e/ou dos que a assessoram.

Se estavam mesmo de boa fé -e tudo indica que sim- então deviam ter comunicado imediatamente aos representantes da oposição o aumento considerável do orçamento e a sua justificação. Deviam também, na sequência dessa informação atempada, ter concedido um novo prazo para a entrega de propostas, já tendo em conta as novas informações disponíveis.

Ao não procederem como deviam, os integrantes da atual maioria mostraram, mais uma vez que, em relação à oposição, se limitam a cumprir formalmente as leis, quase sempre com uma atitude mais própria de quem vai dar comer às galinhas, ou milho aos pombos.

É das primeiras coisas que se deve aprender na política. Em democracia, somos todos iguais em direitos e em deveres, pelo que carece de sentido, e de simples educação elementar, "falar de cima para baixo", ou "de baixo para cima". É todavia isso mesmo que vem acontecendo em Tomar. Considerando-se superiores em termos morais, porque no sentido da História, os membros da maioria costista local falam com a oposição e com os cidadãos "de cima para baixo", ficando muito ofendidos quando alguém ousa dar-lhes troco na mesma moeda.. É uma lástima, mas é assim.

Neste caso da alteração do Orçamento, não comunicada em tempo útil à oposição, a sra. presidente ou o seu vice vão alegar, se calhar, que os deputados municipais têm agora muito tempo para elaborar e apresentar novas propostas, uma vez que a futura sessão da A.M. será só a 16 de Dezembro. Sendo verdade, nunca será a mesma coisa. A nódoa mantém-se no manto com que pretenderam tapar a realidade, e assim intrujar a oposição, sendo que na política a confiança é como a virgindade. Uma vez perdida, nunca mais se recupera de fato. Só de 31 de boca.

Se a oposição conseguir manter-se unida e digna, vota contra o orçamento e plano, assim prestando \um bom serviço a Tomar. E contribuindo, na medida do possível, para que deixam de ser tratados pela maioria PS como crianças traquinas e incómodas.

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