quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

 


Bombeiros e protecção civil

A bronca lamentável das 4 ambulâncias avariadas em simultâneo

TOMAR – Infeliz coincidência: Bombeiros sem as suas quatro viaturas de socorro… que avariaram. Veículos da Cruz Vermelha auxiliam na prestação de serviço à população | Rádio Hertz (radiohertz.pt)

https://tomarnarede.pt/sociedade/cruz-vermelha-substitui-bombeiros-de-tomar-nos-servicos-de-emergencia/

Lendo as duas notícias "supralinkadas", para não haver dúvidas, confirma-se a ideia de que há sempre pelo menos dois enfoques possíveis para a mesma situação. Neste caso  das quatro ambulâncias municipais, avariadas ao mesmo tempo, enquanto a Hertz anota "Infeliz coincidência", citando o comandante da corporação tomarense, Tomar na rede mostra, com declarações anónimas, que o problema reside na falta de adequada gestão da corporação e do material circulante.

É do domínio público que a falta de ambulâncias em condições nos bombeiros nabantinos é uma doença crónica e antiga, anterior à maioria socialista. Vir agora com questões de simples coincidência infeliz, é mais uma tentativa tacanha, tipo conto do vigário, para branquear o poder municipal. Acresce que de tão infantil, a desculpa não convence ninguém, uma vez que todos sabemos que infelicidade, falta de sorte, excesso de azar e afins, são tudo coisas que acontecem sobretudo, para não dizer sempre, aos incapazes que se julgam só azes.

Perante uma situação como esta, que só não coloca a população numa situação de abandono total, graças aos esforços da Cruz Vermelha e à solidariedade forçada das corporações vizinhas, os mais ligados a estas coisas não podem deixar de pensar nos milhões gastos anualmente pelo município com festas, eventos e subsídios, o que naturalmente impede depois a adequada manutenção e substituição do material circulante dos bombeiros, por alegada falta de recursos.

Parece haver na verdade falta de recursos, mas não propriamente recursos financeiros e sim humanos, ao nível da gestão municipal, como está à vista de todos. É um mal bem antigo no país. Já antes do 25 de Abril, havia chefes de família com um oneroso lugar cativo no estádio do clube, mas sem dinheiro para as  despesas da casa. Meio século mais tarde, temos uma câmara com muita animação cultural e muitos subsídios, mas sem dinheiro para uma adequada gestão da frota dos bombeiros. Quanto mais mudamos, mais estamos na mesma.

Manda o bom senso dizer que, entre a alegada infelicidade e a evidente incompetência, há pelo menos outra hipótese. Tomar a dianteira 3 avança a possibilidade de haver no Município recursos suficientes para comprar duas ambulâncias, apesar dos gastos excessivos com festarolas e subsídios.

O problema é que o executivo ainda não encontrou uma empresa disposta a vender, por ajuste directo, duas ambulâncias a 200 mil euros cada uma, com as características exigidas pelo comprador: Exemplares únicos, peças artísticas assinadas, com aspecto exterior e demais detalhes só para Tomar. Além da pintura preta, branca e vermelha (as cores dos templários), uma cruz dos templários de cada lado, em vez da tradicional, a Janela do capítulo na traseira, e o acrónimo ATAME (Ambulância Templária de Assistência Médica Exterior), substituindo o usual INEM. Era o mínimo dos mínimos, para passar no crivo do Tribunal de contas, e por isso os representantes das marcas não quiseram meter-se em alhadas. Depois podiam ficar com uma fama desgraçada, pelo que aconselharam ir pelo trivial bem feitinho -o concurso público. Sendo conhecida a tendência camarária para os ajustes directos, o resto adivinha-se. E o material circulante, mesmo de boa marca, tem os seus limites...

Seria bom que na próxima consulta eleitoral, e até nas próximas sessões, eleitos e eleitores se lembrassem desta lamentável situação, que não é filha única, e agissem em conformidade. Para evitar repetições. Mas é pouco provável. Como diz o povo "uma mão lava a outra". Após um bom concerto, uma agradável jantarada, uma festa brilhante, ou um subsídio extraordinário que veio mesmo a calhar, quem quer saber das desgraças dos bombeiros? É cada um para si e Deus para todos. Até um provérbio popular diz que "quem parte ou reparte e não fica com boa parte, ou é burro ou não tem arte." Tristeza!


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