sexta-feira, 11 de abril de 2025


Autárquicas 2025

No vale do Nabão ou num vale de enganos?

Parece-me que começa a ser preocupante o fosso entre o (pouco) que se pensa em Tomar e o que se escreve no resto do país. Estaremos, sem disso nos darmos conta, a viver num vale de enganos? Na crónica programática que publicou aqui no TAD, o candidato Carrão do PSD afirma que a actual maioria socialista apostou no turismo, como matriz de desenvolvimento, mas que isso não é suficiente para o concelho.
Considerei na  altura uma posição tão sem fundamento que me calei, mas o assunto ficou cá dentro às voltas, e ele aí está de novo à superfície. Apostaram no turismo?! Fecharam o parque de campismo. Proibiram os autocarros de turismo de descerem à cidade pela Estrada do Convento, numa birra que dura há mais de 12 anos. Degradaram o Mouchão. e só agora iniciaram a recuperação da Mata. Instalaram um parque para caravanas que não prestigia ninguém. Anunciaram um novo parque de campismo que nunca mais foi feito. Não fizeram nem mandaram projectar os equipamentos  turísticos indispensáveis e urgentes (Estacionamento, ligação rápida cidade-Convento, sanitários suficientes, Centro de congressos, novo campo da feira). É isto a aposta socialista no turismo local? Umas festarolas à borla, para os amigos do costume, os que tocam (e são bem pagos), e os que assistem?
Encostada a essa ideia errada de aposta no turismo, vem a outra da necessidade de reindustrialização. Com que base real? Conhecem algum centro turístico, de dimensão comparável, que tenha apostado em simultâneo no turismo e na indústria? Eu não, e conheço muitos polos turísticos florescentes, de Óbidos a Split e do Algarve a Machu Pichu.
Nem vale a pena vir com os exemplos de Córdoba, Granada ou Sevilha. São outra realidade. Têm outra dimensão, com respectivamente 325 mil habitantes, 230 mil habitantes e 690 mil habitantes Estão no campeonato anual dos 90 milhões de turistas, enquanto Portugal ainda não ultrapassou os 30 milhões. Tomar é agora uma aldeia média, com algum prestígio à escala europeia, devido ao Convento. Fátima é apenas uma freguesia do concelho de Ourém, mas já tem quase um terço dos eleitores do concelho de Tomar.
Uma última achega por agora. Também sensível ao problema da falta de indústria em Tomar, o leitor Helder Silva questiona porque não vêm os imigrantes  para a nossa terra, intuindo um mistério semelhante ao da galinha e do ovo: não vêm porque não há indústria? Ou não há indústria porque não vêm?
Lembro ao amigo Helder que, no estado actual das coisas, os imigrantes não vêm para Tomar, apesar das casas quase à borla que se anunciam, porque não podem ser funcionários do Estado, e os poucos empregos que vai havendo, são quase todos nessa área. Mas são realmente o grande sonho da extrema esquerda local, como já acontece em parte do Ribatejo e no Alentejo. Imigrantes trabalhadores agrícolas, são os novos proletários que votam na extrema-esquerda, que tão precisada está. Só não se sabe até quando, porque como acontece com os gatos, também acabam por abrir os olhos ao fim de certo tempo. Mas enquanto isso não acontece, os realojamentos são uma alegria.

5 comentários:

  1. Eu quando falo em imigrantes refiro-me aos brasileiros porque são os mais parecidos connosco. Eu vejo bastantes a trabalharem nos cafés de Tomar, mas não se compara com outras zonas como a Marinha Grande, por exemplo. Eu costumava seguir vários YouTubers brasileiros e a zona centro não é muito escolhida por eles. Viseu também é muito escolhida pelos imigrantes brasileiros.

    Caso eles não tenham uma profissão eles preferem a indústria porque paga melhor, os cafés e as pequenas empresas costumam a não pagar horas extra.

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  2. Mais uma vez não concordo e passo a demonstrar porquê.
    Tomar quando teve uma posição de relevância nacional nas décadas de 50 e 60 do século passado, tinha 2 pilares que lhe permitiram colocar umas cerejas em cima do bolo, a saber :
    Indústria , fábricas de papel, fábrica da fiação, cerâmicas, empresas de paletes, empresas do sector avícola na altura bastante inovadores, empresas de construção e até um sector agrícola importante.
    O outro pilar foi o das forças armadas , em especial do exército, com quartel general , hospital militar , o 15 , messe e casão militar para além de outros organismos públicos .
    Estes setores proporcionavam que houvesse poder de compra, e daí o comércio bastante desenvolvido e até o turismo numa fase embrionária no País, tinha em Tomar , como cidade monumental e jardim, equipamentos como o hotel dos Templários , um 4 estrelas considerado um dos melhores do País, e em especial comparado com as pensões de Abrantes, Torres Novas , Ourém e até Santarém ,um luxo.
    Com o 25 de Abril, deixamos de ter exército , convenientemente o quartel general. onde estavam arquivos dos militares recentemente convertidos em esquerdistas ardeu, e hoje só temos o presídio!!
    A parte industrial, com as greves , a exigências do PREC dos trabalhadores agora convertidos em MRPP do pior, começaram a destruir o tecido económico, nacionalizaram a Casa Bancária da Mendes Godinho, acabaram com a fábrica da Fiação e os seus donos e investimentos que são o sangue das empresas para o seu crescimento e sobrevivência desapareceram.
    E lentamente Tomar começou a ir " no caminho certo " a tornar-se uma aldeia de velhos e funcionários públicos , onde hoje a CMT é o maior empregador!!
    Dizer que não conhece uma " aldeia " com a dimensão de Tomar que tenha o setor industrial e ao mesmo tempo desenvolva o Turismo, compreendo pelo seu afastamento do País.
    Veja o caso de Leiria , que na década de 60 era muito inferior a Tomar, em população, em industria ( excetuando o polo da Marinha Grande) e hoje está com muito mais população e em especial riqueza pelo seu tecido empresarial e em especial industrial.
    Mesmo Ourém , que tem Fátima , cresceu muitíssimo em empresas industriais , tem 2 zonas industriais em crescimento e já está noutro campeonato em relação a Tomar.
    O Turismo é interessante como a cereja em cima dum bolo que tem forçosamente de se basear na industria moderna, que permite grandes faturações e ordenados elevados, quando comparados com os do Turismo.

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    1. Apresentar Leiria como exemplo, só contribui para baralhar os leitores. Tem havido realmente ali um considerável desenvolvimento económico, mas quase exclusivamente na área industrial e de serviços. A cidade do Liz nunca foi, não é, nem nunca será um grande polo de atracção turística, por evidente falta de monumentos ou recursos "ancora". Vive da proximidade da Batalha e das praias...Basta comparar a capacidade hoteleira com Fátima. Leiria é um êxito indesmentível em desenvolvimento industrial, incluindo na área da suinicultura, mas nunca apostou no desenvolvimento turístico, por falta de recursos próprios. Só não vê quem não quer.
      Quanto a Tomar, nada obsta a que possa haver incremento simultâneo do turismo e da indústria, apesar da gritante carência de mão de obra. O que não se pode aceitar é o uso da indústria como argumento/desculpa para não fazer o indispensável e urgente na área do turismo. Estamos a perder anualmente dezenas de milhares de visitantes, por não dispormos de condições mínimas para os receber. Quem duvidar, fará o favor de se deslocar, a um sábado ou domingo de verão, a pé até ao Convento, olhando para os carros estacionados por tudo quanto é sitio. E se tiver coragem pode prolongar até aos Pegões altos, onde vão estacionar os autocarros de turismo, que não cabem no pequeno estacionamento (7 lugares, quando bem arrumados) junto ao ex-Hospital militar. Quantos se irão embora, por não encontrarem lugar disponível? E no Convento cada visitante paga 15 euros à entrada...

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    2. Sr Zé Caldas
      O municipio é um centro de emprego para os "amigos".
      No geral tem excesso de funcionarios, mas há onde falte funcionários para trabalhar, pois para "mandar" já existem em demasia.
      Julgo que, diria metade dessas chefias poderiam ser dispensadas.
      O codigo do trabalho se nao me engano permite com a devida indeminizacao despedir quem entrou de 2007 até a presente data com a consequente extinçao do posto de trabalho.

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  3. Caro Tomarense, eu contrariamente ao António Rebelo que tem planos para o desenvolvimento futuro para Tomar , mas quiça por já ter sido enganado demasiadas vezes , não os revela, diria que Tomar pode voltar a uma trajetória de progresso , mas vai levar anos e muitas dores de cabeça a quem se disponibilize a fazê-lo se tiver as capacidades e em especial os meios.
    Teríamos de ter uma política tipo Milei, que parecendo louco é bem mais assertivo que o tonto do Trump. MOTOSSERRA...
    Portugal desde o 25 de Abril foi metastisado pelas ideias e práticas comunistas , que destruiram grande parte do pouco capital do país, mas em especial da elite pensante industrial e comercial da altura, para não falar noutros setores muito importantes.
    O grupo CUF era um potentado a nível europeu e com excelentes condições para os seus trabalhadores a todos os níveis.
    Os sindicatos , a mando do PCP e forças ainda mais à esquerda destruíram o nosso tecido empresarial e financeiro, com a IDEIA que a terra a quem a trabalha, e os PATRÕES eram os grandes parasitas da classe trabalhadora. Nem as Forças Armadas escaparam à sua destruição, com os SUV e PREC e agora estão quase no grau zero de operacionalidade.
    Em Tomar, teria de se atuar em áreas prioritárias a saber:
    1- Redução dos funcionários da Câmara ao mínimo adequado às suas funções fundamentais, estruturação das áreas no concelho, com uma revisão profunda do PDM, criação de uma grande zona industrial julgo que a melhor e maior poderia ser junto à da Barquinha esquecendo por completo a estupidez da de Vale dos Ovos,
    Depois reduzir o número de funcionários da CMT , e ficarem os que são realmente necessários, cortando em especial nas chefias.
    Investir nos jardins e zonas verdes da cidade, bem como na limpeza da cidade, introdução de casas de banho auto-laváveis como se encontra por essa Europa.
    Fazer um controle eficaz da habitação municipal e despejar quem não cumpra as regras da mesma.
    Investir na segurança pública , em conjunto com a PSP com a volta das patrulhas a pé e até dos guardas noturnos .
    Informação pública e ponto da situação semestral dos gastos da CMT,das juntas de freguesia, do número de processos entrados no vários serviços e há quanto tempo estão por resolver.
    Saída programada, em 2 anos, da Tejo Ambiente, e reversão da concessão da Mendacha.
    Por fim publicação trimestral do ponto da situação relativamente a todos estes pontos.
    Não falo por enquanto da saúde ( centros de saúde ) que têm de ter outro tipo de funcionamento no atendimento, nem nas escolas porque é um setor que está em contraciclo com a demografia e onde se tem investido rios de dinheiro para cada vez menos alunos portugueses.
    Já o Turismo , deixem o privado trabalhar.....

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