sexta-feira, 14 de julho de 2023

 
Imagem editada da Mata, da autoria de Jesus Baptista, com os agradecimentos de TAD 3.

Política local - Festa dos tabuleiros

Uma salganhada demasiado oportuna


Agora que chegou o tempo de pensar um bocadinho no que foi a recente edição da Festa dos tabuleiros, temos a salganhada do costume, alimentada pelos que dela beneficiam, e que não são tão poucos como isso. A coisa começa logo com a natureza do evento, ou do conjunto de eventos. Para uns, realizações correntes sem qualquer dificuldade particular. Para outros, um acto de heroismo, ao nível da gesta dos descobrimentos, ou quase. Com heróis e tudo. De barrete ao ombro, para melhor o tentarem enfiar ao pessoal. Porquê? Porque assim convém aos integrantes de cada grupo, embora alguns disso não tenham plena consciência.
Os resultados das várias tentativas de análise crítica, são bem magros para os especialistas e para a opinião pública, porém muito convenientes para os que de algum modo sacam da festa, que é exactamente o que pretendem. Numa terra onde a cultura geral não abunda, e os conhecimentos específicos relativos aos vários sectores de actividade ainda menos, não espanta que mal se abre a boca, ou o computador, para lançar uma sugestão, tendente a melhorar a situação, se seja logo acusado de  má-língua e adversário da festa. Pudera! Aprenderam no futebol que a melhor defesa é um bom ataque. E de futebol sabem eles. Ou também não?
Quando, apesar de tudo, alguns mais persistentes, entre os quais quem escreve estas linhas, insistem nas suas observações, por as considerarem pertinentes, inevitáveis e prenhes de futuro, entra-se então deliberadamente no domínio do diálogo de surdos e da salganhada. Tudo alimentado pelos da mama e/ou do fanatismo. Escreve-se sobre os inconvenientes da hora tardia de início do cortejo, e chovem à laia de resposta, frases do tipo "está tudo muito bonito, maravilhoso, viva a festa!" Aborda-se o problema dos que foram obrigados a palmilhar quilómetros e aparecem entrevistas com famílias de visitantes de fora, que acharam tudo magnífico e a festa única no mundo. Como se houvesse alguma festa que não seja única no mundo. Foca-se a aberração dos concertos gratuitos, numa época em que tudo se paga, e logo um autoproclamado especialista esclarece que assim os turistas ficam mais tempo nos hotéis, gastando mais dinheiro em Tomar. Evocam-se os vários erros denunciados por visitantes, e aparece o conselho paternal: "Há que respeitar o trabalho de muita gente, durante meses." Além de um membro do clero da festa, tipo Torquemada local, que condena à fogueira qualquer um que ouse criticar a festa. É para ele um grave pecado mortal! Nem os cartazes políticos escaparam, apesar de não terem nada a ver.
Finalmente, ao virar da esquina, por assim dizer, descobre-se que está tudo demasiado bem ensaiado para que seja fortuito. Tendo chamado a atenção para manchas cinzentas numa fotografia da Mata, (ver imagem supra), a indicar árvores mortas em percentagem pouco natural, houve logo quem se insurgisse, porque se falava da festa e eu tinha vindo criticar indevidamente. "Quando se meter política na festa, os tabuleiros acabaram". O velho discurso da união nacional salazarista. Nada de política, apenas a defesa do interesse nacional. De quem? Isso agora não interessa nada. 
E no entanto, apesar da dita união nacional, foram derrubados em Abril, por quem os devia proteger, na óptica deles. Até que um outro leitor descobriu a pólvora. As árvores mortas estão na Mata e quem gere aquele espaço é o ICN. A Câmara não tem nada a ver com o assunto. Não terá mesmo ? Não será só mais uma treta escapatória?
Na próxima crónica, vai-se tentar tornar as coisas mais claras para todos, com a notável excepção daqueles que acham que está tudo muito bem, e dos que são contra a padralhada (na óptica maçónica). Nunca aprendi a escrever para cepos e  fanáticos. Agora é demasiado tarde.


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