quarta-feira, 19 de julho de 2023





Política local


O cego algarvio 
e os adolescentes serôdios do poder nabantino


A história é conhecida. Pouco, mas é. Um cego algarvio já ia nos nove filhos, embora vivesse de esmolas e do rendimento mínimo. Consciente da situação pouco convencional, a assistente social da autarquia procurou chamar a atenção dele para o evidente excesso de descendência, com a consequente incapacidade para educar os filhos, por falta de meios. O cego ouviu tudo com muita atenção, até que ripostou: -"Qu'é qu'a sotora quer"? Um homem não vê o que está a fazer!"
Tal é também o caso dos adolescentes serôdios que nos pastoreiam, do alto do poder nabantino, que é baixito por estar numa cova e não só. São excelentes pessoas. Honestas, prestáveis, generosas com o dinheiro alheio, inteligentes, simpáticas e tudo. Mas alguns têm feitio difícil, e nem sempre vêem o que estão a fazer. Nem sequer a gritante injustiça de muitas das suas decisões. Tomemos o caso da recente Festa dos tabuleiros. Quem veio só para assistir, teve tudo à borla -ornamentações, desfiles, espectáculos, água, sanitários e estacionamento.
Quem, pelo contrário, veio para tentar governar a vida, embora aproveitando para também ver os tabuleiros e as ruas ornamentadas, como é o caso dos vendedores ambulantes e outros, teve de pagar terrado. A licença camarária de ocupação da via pública com um negócio. Houve até uma situação assaz curiosa. Aproveitando a lógica da coisa, determinado empresário arrematou por concurso a ocupação da Várzea grande, que depois revendeu ou subalugou a vários outros comerciantes, naturalmente auferindo um lucro confortável. Está mal? Depende do ponto de vista. Tal como o caso dos ciganos do Bairro calé e da margem do Nabão, que aproveitaram a festa para cobrarem estacionamento em terrenos públicos.
Esta evidente incoerência dos senhores autarcas, que consiste em isentar quem se diverte e obrigar a pagar quem trabalha, não é caso isolado, embora tenha dado mais nas vistas por ocasião dos tabuleiros tomarenses, dada a sua óbvia extravagância. 
No geral, ao nível do país e até da Europa, só paga impostos quem trabalha ou trabalhou. Os cidadãos do RSI estão isentos. Mas regra geral, os diversos operadores públicos e privados têm depois o cuidado de obrigar a pagar todos os que se divertem, quer dependam do RSI ou não. Temos o exemplo da taxa audiovisual, obrigatória até para quem não se diverte mesmo nada.
Quer isto dizer que um dos grandes problemas tomarenses é a cegueira funcional dos adolescentes serôdios que tomaram conta do poder, bem como de quem neles votou e os apoia. Não vêem o que estão a fazer. Não vislumbram as consequências práticas do que fazem. 
Resta-nos portanto esperar que se cumpra finalmente aquilo que consta nos livros sagrados, e está inscrito na cúpula da basílica de S. Pedro, no Vaticano DEO FIAT LUX ET FACTA EST LUX. ("Deus fez a luz e ela aí está", em tradução livre.) Mas até nesse caso, determinado turista americano viu mal. -Pergunte lá ao Papa quanto é que ele quer para mandar substituir FIAT por FORD, pediu ao guia do grupo. Não teve luz suficiente para perceber adequadamente a situação.
Aqui em Tomar não temos guia turístico disponível, para lhe pedir que pergunte aos senhores autarcas quanto é que eles querem para substituir "à borla" pelo preço dos bilhetes, no caso dos diversos eventos. Incluindo os cortejos e ornamentações. É também uma questão de coerência e equidade social.









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