sábado, 22 de julho de 2023

 
Não, não é uma falha. É mesmo intencional. Uma câmara a auto-elogiar-se e a louvar os eleitores, em vez de serem estes a enaltecer os autarcas pelo trabalho efectuado, é o mundo de pernas para o ar. Às avessas. Tal como a imagem.

Política local


É simplesmente ridículo


Informa O Templário, na 1ª página da sua edição impressa de 21 de Julho, que "A Câmara de Tomar aprovou um voto de louvor a todos os Tomarenses pela realização da Festa Grande." Com letra grande, como convém sempre nestes casos balofos. Vindo ao mundo no hospital velho, baptizado em S. João Baptista, e aluno na escola da Várzea grande, sou forçosamente tomarense, mas sempre me considerei dos de letra pequena, do povo. Dos que servem sem se servir. E por vezes até assim me sinto envergonhado, como agora acontece. Mas presunção e água benta, cada qual toma a que quer, como devia ser bem sabido, porém infelizmente não é.
Acossada por problemas de toda a ordem, em parte resultantes da sua própria incapacidade por manifesta impreparação cultural, a maioria socialista local acentua o seu comportamento populista, recorrendo mesmo ao estilo maoista dos anos 70. Uma vez que não é tão gabada quanto gostaria, apesar das amplas e imerecidas benesses que vai distribuindo a esmo, resolveu enaltecer-se a si própria, servindo-se da festa como pretexto: "Reconhecida como património cultural imaterial nacional, a Festa dos Tabuleiros é um ícone para o mundo inteiro, potenciadora das belezas de Tomar e da capacidade empreendedora dos Tomarenses."
Estão a tentar gozar com quem? É muito feio abusar da ignorância alheia. Só falta a frase clássica "Sob a heróica direcção da gloriosa maioria PS local.". Haja decência, recato e sentido da realidade, senhores eleitos! "Um ícone para o mundo inteiro"? De Vilar Formoso para lá, ninguém sabe o que possam ser tabuleiros verticais, a não ser que tenha nascido neste recanto à beira-mar plantado. E mesmo assim...
"Capacidade empreendedora dos tomarenses"? Se houvesse realmente tal coisa, já há muito tempo se saberia. E nunca constou que assim seja. Salvo raras excepções, que confirmam a regra,  os tomarenses sempre se revelaram empreendedores fora de Tomar, pois o clima local é avesso a essas coisas. A festa não é um empreendimento. É uma tosca repetição, que cumpre mal os objectivos anunciados (honrar a tradição e promover Tomar), devido aos erros cometidos. Que são sempre os mesmos e estão à vista de todos.
Concluindo, parece-me um manifesto abuso de linguagem o "voto de louvor a todos os Tomarenses", incluindo portanto os senhores autarcas autores da coisa. É simplesmente ridículo. E encaixa perfeitamente naquele dito popular "Já que ninguém diz bem de mim, digo eu!" 
Resta portanto excluir-me dos louvados, (o que decerto os senhores eleitos PS já terão feito antecipadamente, como é óbvio),  também com um abuso de linguagem: Já anexei o vosso louvor ao rolo de papel higiénico, para os fins tidos por convenientes. Mas honni soit qui mal y pense. É apenas o desabafo de um cidadão indignado. A demagogia não é uma maleita mortal, o que nos obriga a aturar certos eleitos, cada vez menos dignos dos lugares que ocupam.
Foi um louvor unânime, dirão alguns,  o que inclui os eleitos laranja. De acordo. Sempre disse que os social-democratas locais têm qualidades. Infelizmente a sinceridade, a coragem e a frontalidade não fazem parte do rol, como tem estado à vista,  e se lamenta. De resto, não é por mero acaso, nem só por mérito próprio, que os socialistas estão no poder em Tomar desde 2013. As coisas são o que são.


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