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Festa dos tabuleiros

A VINGANÇA POSSÍVEL DOS FALSOS BEATOS 
DA SANTA INQUISIÇÃO TABULEIRAL

Inesperadamente, no sábado de manhã, apareceu-me no Face a imagem 1, com a legenda "Foi por pouco". Assinava um membro do clero dos tabuleiros, neto de militar e filho de serventuário do regime anterior. Quem sai aos seus não degenera, diz o povo. Eu que julgava o caso resolvido, e afinal...

Fui ver e deparei-me com a engenhoca visível nas imagens 2 e 3. A vingança possível dos falsos beatos da santa inquisição dos tabuleiros, tanto os de um extremo como os do outro. Porque estou convencido que há dos dois, dos destros e dos canhestros. Não podendo, sob pena de graves consequências legais, contrariar o disposto oficialmente sobre afixação de propaganda partidária, arranjaram maneira de ocultar parcialmente pelo menos o malvado do Ventura, à falta de melhor. Assim, as portadoras dos tabuleiros já não correm o risco de ficar enfeitiçadas pelo olhar do meliante. Está salva a honra do convento.

Trata-se, ou parece tratar-se, de uma tela que vai mostrar imagens do grande cortejo, o que naquele local é de uma utilidade indesmentível, designadamente para o novo tabuleiro grande da Rotunda poder ver. Não é mesmo? Ou seja, nada tendo conseguido com a alegada poluição do desfile tabuleiral, nem com a pretensa ofensa à estética do local, de resto contrariada por outro cartaz, do lado direito na imagem 3, optaram pela solução possível. Um reles remedeio, que em vez de ocultar, chama a atenção para o cartaz partidário. De tal forma que, havendo tanta incoerência, não me surpreenderia mesmo nada que alguns dos que agora pretendem banir o cartaz, já tenham votado no Chega. Sabem lá o que é coerência política...

São tão palonços que nem entendem o essencial. Querendo passar à prática a sua doutrina de ditadores teimosos, tacanhos e totalitários, falharam estrondosamente. Em vez de eliminar ou esconder, mostraram. O cartaz maldito e quem são na verdade. Que Deus lhes perdoe, uma vez que, como dizia certo conterrâneo, "Deus não tem culpa nenhuma de ser pai de tanto filho bruto".

ADENDA, às 05H00 de 09/07/2023

Alguns entendidos locais justificam tão condenável atitude, afirmando que a Festa é do povo e que os partidos políticos não têm nada que se meter, que interferir. Têm razão. Mas esquecem que se a Festa é do povo, a cidade, o espaço urbano, é de todos. Incluindo dos partidos políticos, Mesmo daqueles de que não gostamos nada. Para uns o Chega, para outros o BE, para outros ainda o PC, e assim sucessivamente. Há para todos os desgostos. Salvo seja. E todos têm o direito, reconhecido na Lei, de colocar cartazes de propaganda onde bem entenderem, haja ou não festa local com pergaminhos. Por conseguinte, quem resolveu mandar colocar aquele ecrã a obstruir a visão, deve considerar-se acima das leis da cidade e do país. Feitios difíceis, é o que é.