domingo, 23 de julho de 2023

 Arranjo da Várzea grande


Mais "Um ícone para o mundo inteiro"


Dou o braço a torcer. Já andei bastante por esse mundo fora. De Pequim à Ilha da Páscoa e de Ushuaia a Helsínquia. Ou de Benares a Londres e de Saigão a Nova Iorque e Moscovo, passando pelo Cairo, Jerusalém, Atenas e Paris.  Confesso porém nunca ter visto um quiosque metálico moderno, com sanitários anexos em forma de paralelepípedo. Ainda para mais num relvado mesmo ao lado de um convento franciscano do século XVII (17, para a geração mais escolarizada de sempre). "E não choca", como diria no século passado um jornalista amador local, entretanto já falecido, em pleno café Paraíso, na época a catedral do bom gosto e dos bons costumes. Ou por outra: Só choca os metecos, que os tomaristas demonstram a cada passo estarem já muito habituados ao mau gosto e à bandalheira. Só os cartazes grandes do Chega é que ainda os incomodam. Sobretudo quando estão no percurso dos tabuleiros. Adiante.
De forma que, aquele outro quiosque, já antigo, na esquina da Rua Cavaleiros de Cristo, à ilharga do Bairro da Caixa, esse é que chocava mesmo, sobretudo porque não tinha WC ao lado. Em boa hora a Câmara mandou desocupar, e depois demolir, por ser de um mandato anterior, que desfigurou a cidade, segundo os adolescentes serôdios agora no poder. Já o do Mouchão, de modelo mais luso e liso, um cubo muito bem integrado no meio dos grandes plátanos, tal como a altaneira ponte marreca, parece estar para durar, conquanto sem utilidade conhecida até agora. Se calhar aguardando a última moda.
Temos por conseguinte, integrado na extraordinária requalificação da Várzea grande, mais um valioso equipamento urbano, ao mesmo tempo "um ícone para o mundo inteiro", tal como os tabuleiros, ou os pesados e numerosos bancos em calcáreo daquela agora moderna praça, usando a linguagem dos responsáveis pelo turismo e cultura locais.
Quem nos acode, nesta queda rumo ao abismo do mau gosto e da irrelevância?


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