Pretenso forum de Sellium
O PS local e o seu labirinto museológico
Um apoiante da maioria PS local, que temos de aturar, denotando elevada educação cívica e requintada capacidade vocabular, aproveitou a retirada do tapume daquela obra atrás dos bombeiros, para comentar no Tomar na rede: "Agora que foi retirado o taipal, onde é que os críticos vão marrar?" Se calhar no mesmo sítio do comentador, habituado a tal prática. Porque afinal é tudo uma questão de narrativa e portanto também de vocabulário. Se a criatura gosta de marrar, nada contra.
Subindo um bocadinho o nível frásico, começa-se por assinalar que o comentador em causa (ou será uma comentadora?) viu mal a situação. O tapume metálico foi retirado, mas a obra não ficou desguarnecida. Colocaram outro tapume, em tela ornamentada (ver imagens), a mostrar que o projecto encalhou ali, como de resto já aconteceu com outros.
São tantos que até convém estabelecer uma tipologia, para não nos perdermos. À cabeça aparecem os "museus" que apenas existem na imaginação de alguns tomarenses, mais deslumbrados com a sua terra, "a mais linda do mundo", como todos sabemos. É o caso do museu dos tabuleiros. Nem sabem onde o instalar nem o que nele expor. Além dos tabuleiros, naturalmente. Mas vão insistindo...
No extremo oposto, aparecem os museus com local e espólio, mas que a câmara não é capaz de reabrir. É o caso do Museu João de Castilho, no 1º andar do edifício do turismo, cujo espólio está em parte nas paredes dos Paços do concelho, e em parte engavetado naquele edifício municipal da Travessa Gil Avô, desde a época do Paiva. Ou do por enquanto falhado museu da Levada, com os seus núcleos da fundição, da electricidade e da moagem. Em vez disso, temos por agora a Fábrica das artes, na moagem, e um centro de interpretação templária, no antigo refeitório da Mendes Godinho, que não estavam previstos no anunciado "Museu polinucleado do complexo da Levada".
Entre os dois extremos, os mais numerosos: os que têm espólio, mas falta-lhes instalação e os que, pelo contrário têm instalação, mas falta-lhes espólio. Museu do brinquedo, Museu dos templários e Museu do pretenso forum romano de Sellium.
No caso deste último, seja aquilo o que for, romano ou não, nunca será rentável, ou terá sequer qualquer interesse para o turismo. Haverá quando muito, uns alunos do básico e secundário desiludidos, que à saída dirão "é só alicerces". (Os que conhecerem o vocábulo "alicerces". Os outros dirão que "é só pedras"). Mas entretanto, 700 mil euros já lá vão, nesta primeira fase. Para um arquitecto camarada partidário e um construtor amigo. Os tomarenses que vão tendo paciência, que esta coisa dos museus é um autêntico labirinto, onde os técnicos competentes são extremamente raros e caros.
O Variações bem cantava que "quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que as paga". O problema é que, em todos estes casos, a cabeça é a dos eleitos municipais da maioria, mas o corpo é o dos eleitores. Mesmo dos que não votaram. E a cidade vai definhando, e o concelho vai perdendo gente e oportunidades.
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