quinta-feira, 13 de julho de 2023

Imagem copiada da Net.

"Existem pessoas que sabem tudo, mas mesmo tudo sobre a Festa dos Tabuleiros.
E depois é dizer mal e procurar mesmo os mais pequenos pormenores em que haja uma falha.
Agora vejam que são os mesmos de há 4 anos atrás e vão ser os mesmos daqui a 4 anos
Enfim é o que temos, o engraçado é que ainda julgam que alguém lhes liga ou dá importância.
Ajudem mas é a encontrar a Lontra."

Texto copiado do Facebook, cujo autor foi apagado para salvaguardar o seu bom nome, visto não se tratar de questão pessoal, mas apenas de normal divergência política. Adversários. Não inimigos.

Política local


O COMPLEXO DRAMA NABANTINO


Cinco frases, que o seu autor se calhar julga "de arromba", quando são apenas débeis argumentos mal amanhados e insustentáveis num debate aberto. Escolhi o comentário supra para ilustrar esta crónica, porque o considero um paradigma da triste situação tomarense. Do complexo drama nabantino. Tornei-o anónimo porque não se trata de atacar pessoas enquanto tais, mas apenas como cidadãos eleitores, nessa qualidade responsáveis  pelo devir da comunidade à qual pertencem. Peço a quem tenha lido o comentário original na íntegra, que se abstenha de revelar a respectiva autoria, pois todos temos direito ao bom nome, mesmo e sobretudo quando as nossas acções não ajudam nada nesse sentido. Como é o meu caso.
A primeira vertente do complicado drama tomarense é que, tendo conhecido bem o pai e o avô do autor da prosa, posso escrever com conhecimento de causa que, embora ambos com menos habilitações académicas, eram comparativamente muito mais tolerantes e conviviais, apesar de viverem num regime autoritário de partido único e com censura e polícia política. Como se chegou a tão triste situação, em que os mais cultos estão afinal piores, meio século mais tarde, e num regime pluralista? Porquê?
Não se trata sequer, no meu entendimento, do monolitismo e da intolerância dos que se consideram de facto os sacerdotes da festa dos tabuleiros. É questão sobretudo da sua manifesta incapacidade para ouvirem opiniões adversas e, concomitantemente, para considerarem que estão cheios de razão por serem os detentores da verdade definitiva, o que a realidade envolvente desmente todos os dias.
Tentando começar a desfazer o novelo, direi que o autor da modesta prosa foi um dos que se sentiram deveras incomodados com os cartazes políticos no percurso do cortejo. Provavelmente porque, segundo o conhecido provérbio popular, "a quem não sabe fazer amor, até os tomates incomodam." Trata-se na verdade de reles intolerância política disfarçada, como ficou demonstrado ao verificar-se que, em contrapartida, o óbvio mau estado do pavimento da Rua da Graça, por exemplo, nem sequer mereceu a atenção dos fanáticos da festa, apesar do perigo evidente que representou para os integrantes do cortejo. Se não erro, até houve um cavalo do Cortejo do mordomo que ali tropeçou e caiu.
Segue-se que a outra vertente do drama é a mais grave, na minha opinião. Consiste em considerar implicitamente que a intolerância e o autismo político são virtudes, daí deduzindo que só os intolerantes e os autistas são detentores da razão e da verdade. Na melhor tradição da extrema direita nazi e/ou da extrema esquerda estalinista-maoista, como devia ser sabido.
Indo agora ao suco da mensagem reproduzida, convirá anotar que o seu autor pretende desconsiderar quem critica, quem discorda, sem todavia o conseguir. Alega que esses críticos malditos "são os mesmos de há quatro anos atrás e vão ser os mesmos daqui a quatro anos". Evidente palermice idiota, tanto por excesso como por defeito. Por excesso, pois nada nem ninguém lhe pode garantir que dentro de quatro anos ainda haverá críticos, quanto mais agora os mesmos críticos. Por defeito, dado que os mesmos críticos de há quatro anos, já existem na verdade há muito mais tempo. Basta consultar a informação local com alguma atenção, para os detectar a partir de 1960, quando o autor da prosa ainda nem era nascido. Caso para dizer "Cresça e apareça!" Civicamente, bem entendido.
Em conclusão, a evidente insegurança do prosador de circunstância, leva-o ao alçapão da comédia. Escreve que ninguém dá importância ou liga aos que criticam os organizadores da festança, mas apesar disso julgou útil mencionar o facto. Porquê? Querem ver que se trata de mais uma contradição insanável?! 
E a lontra? Mas qual lontra, prezado conterrâneo? Escreveu que sei tudo sobre a festa, mas a verdade é que ignoro tudo sobre tal animal. Nem sabia que havia animais nos tabuleiros, para além dos cavalos, dos bois, e de alguns bípedes que me abstenho de nomear.
Que importância poderá ter o mencionado animal, numa despesa camarária superior a um milhão de euros, (sem contar as cedências de equipamento, combustível e pessoal), que já originou muitos descontentes, como é público e notório, mas cujo retorno efectivo ainda está por determinar? Por favor, senhor bispo da festa, seja egoista, para não dizer fanático,  mas sem exagero. A mim o que me importa desde há muito, a minha lontra, não são "os mais pequenos pormenores", como refere, mas o futuro desta terra e da sua festa grande. Cada qual com o seu objectivo principal.
Fico-me por aqui, pois pode bem acontecer que o  fito da sua prosa seja afinal apenas o de lhe proporcionar palco, e por aí eu não vou. Exiba-se à sua vontade, mas não conte mais com a minha ajuda fortuita.
A Festa dos tabuleiros, ou muda substancialmente de modelo, mantendo só o essencial, ou tem os dias contados. É apenas uma questão de tempo.





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