domingo, 23 de julho de 2023

 



Uma cidade abandalhada


Vaidade e exibicionismo 

procurando esconder mazelas várias



Louvar é fácil, parece barato, mas custa milhões. Encarar a realidade e resolver os problemas existentes exige coragem e dá muito trabalho. Enganam a população com a beleza das ruas ornamentadas, muito apreciadas pelos turistas, e a pretensa importância universal dos tabuleiros, mas não cuidam do dia a dia dos cidadãos e as doenças locais vão-se agravando. O Mouchão está um frangalho, uma ruína, quando comparado com o que já foi, e a Câmara insiste em transformá-lo num terreno para tudo (recinto desportivo, parque de exposições, feira, local de espectáculos vários) em vez de o reabilitar. Bárbaros estrangeiros não fariam melhor. Ou mesmo certa etnia lusa.
Os cidadãos que se interessam por estas minudências, que são poucos, concordarão que o antigo parque, com largos canteiros verdes, está agora transformado num espaço mal cuidado, abandalhado, onde há cada vez mais terreno castanho porque desguarnecido.  São todavia menos ainda os que conseguem alargar a visão para outras enfermidades do Mouchão.
Por exemplo, que está ali a fazer uma hipótese de quiosque, já com mais de 10 anos e que nunca funcionou? O lajedo mesmo ao lado, indica que se destinava a apoiar uma esplanada, a qual nunca foi instalada porque a construção é demasiado exígua e não dispõe de água nem de sanitários. -É do tempo do Paiva, dirão os apoiantes dos actuais autarcas, sempre lestos a sacudir a água do capote. Pois é sim senhor. E daí? Estão à espera de quê para o melhorar e pôr a funcionar, ou para o demolir? Dez anos é muito tempo. Ainda não chega?
Mesmo ao lado, outra encrenca deixada pelo Paiva, aquela ponte metálica com escadarias de acesso de ambos os lados, e um vão sobre a água do Nabão, a lembrar a Ponte dos suspiros em Veneza, está ali a fazer o quê? Em Veneza, o amplo vão destina-se a permitir a passagem das gôndolas típicas com turistas. Em Tomat tem que finalidade? Mostrar a vaidade de alguns? A incapacidade de outros? Ou a passagem de girafas aquáticas, ainda por inventar?
Por favor, não me venham com a cantilena do leito de cheia e do vão contra inundações. Dada a diferença de nível básico entre o Mouchão e o ex-estádio, se alguma vez o Nabão cobrisse ambos, a ponte não serviria de nada, isolada no meio das águas. Por conseguinte, deixem-se de tretas, mandem retirar os degraus e rampas de ambos os lados, e baixar o tabuleiro para os níveis do terreno,  dando àquilo um aspecto mais decente e consentâneo com a envolvência. Sobretudo do lado do Mouchão.
Logo mais acima, e bem mais simples, uma represa com mais de quinhentos anos -o Açude dos frades- está no estado calamitoso documentado pela imagem. Se a Câmara não tem pessoal, nem vontade de limpar com regularidade as ervas invasoras, pelo menos peçam a um cidadão que tenha uma ou duas cabras... Ovelhas não, porque essas já andam muito ocupadas a preparar os próximos eventos para turista ver e tomarista desfrutar.
Tudo maleitas já antigas? A outra imagem supra mostra uma encrenca recente, obra desta maioria. Avisaram em tempo útil a senhora presidente que um quiosque na Várzea grande, era dinheiro mal gasto. Houve em tempos um outro, frente à porta principal de S. Francisco, mas então havia ali um regimento de infantaria, com mais de 500 militares, que se foi para além da ponte. Teimosa, obstinada mesmo, a eleita socialista levou a sua ideia avante e mandou depois abrir concurso para a exploração do quiosque. Logo um apoiante interesseiro arrematou a concessão, visivelmente para salvar a honra do convento, mas de nada lhe valeu até agora a manobra, e já lá vão dois anos. Só depois se terá dado conta de que, para transformar aquilo numa espécie de buvette com esplanada, (porque a vender jornais, revistas e livros já ninguém se governa), faltavam as instalações sanitárias. Vá de instalar as ditas, o que resulta num conjunto algo absconso em termos urbanísticos. Mais uma despesa extemporânea, e assim estamos. Entretanto, algo terá corrido mal e a obra está encalhada há meses. Entretanto o tal concessionário interesseiro já fez saber que só começa a pagar quando iniciar a exploração efectiva daquela coisa.
É assim uma boa administração autárquica?









    


2 comentários:

  1. Já agora, sempre se confirma que os esgotos da "novel " estalagem estão de acordo com as normas vigentes?

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    1. Estou aguardando a confirmação ou não de determinados elementos fornecidos pela autarquia. A seu tempo se verá. AS eleições são só em 2025.

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