domingo, 2 de julho de 2023

Informação e crítica

Afinal na hora da despedida...

Numa terra em que uma cesta armada e enfeitada é um "tabuleiro", um desfile de crianças é o "cortejo dos rapazes", um copo de vinho dos maiores é uma "selha" ou um "penalti" e um tabuleiro um pouco maior, instalado numa rotunda, passa a "tabuleiro gigante", "tabuleiro monumental", ou mesmo a "megatabuleiro", não surpreende que a respectiva autarca-mor apelide de má língua qualquer texto que não lhe convenha. Visivelmente, não falamos todos a mesma língua. Eu por exemplo, não consigo falar "engraxadorês", línguagem muito do agrado da maioria rosa nabantina.
Mas decerto não esperava de todo a respeitável senhora que, na hora da despedida, até os seus avençados do costume renunciassem ao "engraxadorês" e começassem a cortar-lhe na casaca, em bom português corrente:

O MIRANTE, 29/06/2023, página 38

Realmente, após mais de 10 anos a irritar-se com a oposição social-democrata, abandonar o barco nabantino para integrar uma lista executiva liderada por um PSD, não é certamente o que esperavam os tomarenses que elegeram a senhora por três vezes. Que lhes sirva de lição. "Muita parra e pouca uva", diz o provérbio. É o caso.

Não vai tudo dar ao mesmo

Aproveitando a ocasião, cita-se uma outra publicação, da própria Câmara, e responde-se,  com a ironia possível, àqueles que sempre comentam que "vai tudo dar ao mesmo". No caso dos tabuleiros, nem sempre, como se vai ver. 
No desdobrável "Tomar cidade templária", capa cinzenta e "papier couché", do mais caro, (a obter gratuitamente no posto de informação, na Casa Vieira Guimarães, ao fundo da Corredoura), pode ler-se na coluna da esquerda da página 2 isto: "A cidade enche-se de flores, as melhores colchas decoram as janelas e sacadas das casas e, no cortejo, as mulheres desfilam com tabuleiros carregados de pão e flores sobre a cabeça." Mais legível seria "com tabuleiros à cabeça, carregados de pão e flores", mas pronto é o que está. A influência inglesa começa a pregar partidas na construção frásica, sem que se dê por isso.
A respectiva retroversão do castelhano, na coluna da direita, para a nossa língua, dá isto: "A cidade enche-se de flores, as melhores colchas decoram as janelas e as varandas das casas e, na procissão, as mulheres desfilam com bandejas à cabeça carregadas de pão e de flores."
Essa das bandejas na procissão tem a sua piada, não tem? É que, de acordo com os dicionários, bandejas são mesmo isso -tabuleiros. Mas olhando para eles, os da festa de Tomar,  ninguém dirá. Particularidades nabantinas, que muitos nativos consideram universais. Erradamente, já se vê. O Mundo é muitíssimo mais amplo que o vale nabantino. E depois acontecem coisas assim, que dão para rir.


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