sábado, 10 de setembro de 2022



Política local

Força TOMARENSES! Assim vamos longe!

Aqui há tempos, fiquei algo abismado com o leitorado conseguido por uma notícia sobre a morte de um gato, ao que parece muito popular numa parte da Rua da Graça. Conseguiu congregar 15 mil visualizações no Tomar na rede. O que me levou a pensar então que os tomarenses somos um povo curioso. Tratamos do acessório, a morte do gato, mas desdenhamos o principal, os múltiplos problemas da urbe.

Sou agora forçado a penitenciar-me em parte. Face aos acontecimentos mais recentes, a evidente popularidade do falecido gato, bem como o interesse dos tomarenses pelo seu falecimento, passaram para plano secundário. Imagine-se que Sua Majestade o Rei Carlos III de Inglaterra, digno herdeiro de sua falecida mãe, usando pela primeira vez da palavra como soberano do Reino Unido e de mais 14 nações, prometeu servir com lealdade, respeito e amor. Isso mesmo: servir. Um soberano com a noção de servir o seu povo.

Se bem se lembram, ao tomarem posse, os nossos representantes eleitos apenas juram cumprir com lealdade. Nada de servir, de respeito ou de amor. Era só o que faltava! Eles é que mandam. São os chefes. O rei de Inglaterra é um simples criado do seu povo. E cada povo é como é. Por isso o resultado final também é tão diferente. Excluindo os "bifes" e as "bifas" (para usar vocabulário algarvio) reformados, que vêm passar o inverno em Portugal, sobretudo no Algarve, por ser muito mais barato, quem é que emigra mais? Os ingleses para Portugal? Ou os portugueses para terras de Sua Majestade? Porquê, com aquele clima?

Como se não bastassem o caso da morte do gato e do soberano inglês, surgiu agora outro tema, muito mais importante em Tomar e na região. Tomar na rede -sempre ele- noticiou o dramático caso de um cão preso por uma corrente a uma figueira. O que o José Gaio, administrador daquele blogue, foi fazer! Sem contar com o facebook e similares, já há 146 mil visualizações e 59 comentários. Até ficamos a saber que há donos que fazem judiarias aos seus animais, outros que os masturbam, e outros ainda que dormem com eles na cama, mas isso não dizem! O que não lembra aos animais irracionais, enche a cabeça de alguns considerados racionais.

O assunto é tão grave, tão profundo, e assumiu tais proporções, que um comentador confuso pergunta: as ovelhas devem andar a pastar (ele escreveu pastorear...) quando está a chover? Fica a interrogação, numa terra de 40 mil habitantes, pelo que pelo menos os restantes 106 mil leitores são forçosamente de outros burgos, porém com idiossincrasias semelhantes às de alguns tomarenses. Desculpem o palavrão, mas é mesmo disso que se trata. Daquilo a que o popular Solnado apelidava de feitios.

Neste enquadramento, vê-se finalmente uma luz ao fundo do túnel da indiferença nabantina para com os problemas locais, logo que são sobretudo políticos. O amigo António Freitas meteu-se inadvertidamente numa alhada de todo o tamanho, ao noticiar que gente do PSD andava a tramar a separação das freguesias da Serra e da Junceira. A líder dos laranjas, que em tempos até recusou debater em directo com Anabela Freitas -lembram-se?- encheu-se agora de brios e veio desmentir o Freitas. Para ela, uma coisa é o PSD, outra bem diferente os laranjas das citadas freguesias. Imagine-se a importância da destrinça, sobretudo a partir do momento em que, no comunicado social-democrata, se reconhece que existe mesmo o tal movimento pró-separação, que inclui, segundo escrevem, sociais-democratas, socialistas e independentes. O que não surpreende. Surpresa seria que incluísse, por exemplo, eleitores PCP ou BE, formações que por ali nunca conseguiram singrar.

Tanto barulho para bem pouca coisa. Em 2009, antes da agregação livremente decidida, a Junceira tinha 759 eleitores inscritos e a Serra 1.229. Um total de 1.988, num concelho então com 38.724 mil. Treze anos mais tarde, com a fuga da população a acentuar-se, (já somos só 33 mil eleitores inscritos), e com muitos habitantes das duas freguesias a residir de facto em Lisboa, mas mantendo a inscrição eleitoral na freguesia de origem por bairrismo, faria sentido procurar novas agregações para ganhar dimensão e peso político. Mas não senhor. Dividir para reinar. Por este caminho, já faltou mais para que cada dúzia de eleitores possa constituir-se em freguesia. Como sucede em Ana Loira, no Alentejo, com 32 habitantes em 2011. 

Saiam umas doses de bom senso para aquelas bandas serranas, antes de se afogarem no Poço redondo da emigração.

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