Gestão municipal
Funcionários municipais praticamente em autogestão
Bastou um dia com chuva para "substituir o manto diáfano da fantasia pela nudez forte da verdade". Segundo o Tomar na rede, que publica fotos alusivas, houve pequenas inundações na Corredoura, a principal urbe do Centro histórico. Confirma-se assim aquilo que os tomarenses, bons conhecedores da sua terra, sabem há muito tempo, mas calam. Uns por interesse, outros por medo, a que chamam prudência ou cautela.
Trata-se da manifesta incapacidade prática da actual maioria, para gerir de modo eficaz e produtivo o conjunto dos funcionários municipais. Situação que é particularmente evidente na área do urbanismo, das obras municipais e dos serviços urbanos, onde se nota haver excesso de funcionários, mas carência de trabalhadores empenhados no bem comum. E a entrega de tarefas básicas a empresas exteriores, só veio agravar a triste situação.
Houve um tempo em que a Câmara tinha um encarregado-geral do então chamado pessoal braçal, ou menor, que fazia cumprir as determinações do executivo, além do usual dia-a-dia, bem como chefes disto e daquilo, (agora funcionários superiores), que obedeciam sem discutir às orientações da presidência e da vereação. Esse tempo passou. Já não há um zelador, como o António Duarte, que quando lhe ofereciam um presunto por um serviço prestado, perguntava sempre se o raio do porco era coxo. E até o tempo do Mourão, também já lá vai. Tempos bem mais modestos e eficazes, quando os funcionários ainda se consideravam servidores públicos, e bastava "um presunto" para ultrapassar problemas graves. Onde isso já vai!
Agora é a fase da autogestão geral, provocada pela situação eleitoral. Nas terras pequenas, como Tomar, só pode haver maiorias com os votos dos funcionários, entre os quais avultam os quase 600 municipais. Conscientes desse facto, os eleitos poupam-nos. Nada de stress, de traumas e muito menos de burnout, síndromes do mundo moderno. É imperativo agradar, elogiar, passar a mão pelo lombo no sentido dos pelos, não importunar, calar, mesmo quando as coisas vão manifestamente mal, como é o caso.
Os resultados práticos aí estão. Na área superior, só se faz aquilo que vai a concurso e só vai a concurso aquilo que os senhores entendem, porque eles é que mandam de facto, em virtude da doutrina interna segundo a qual "os eleitos passam, os funcionários ficam, convindo por isso assegurar a continuidade e agir em conformidade". Donde tanta dissonância na música municipal.
No sector dos serviços à comunidade, é o que vemos. Se a câmara tem trabalhadores, poucos notam par além dos próprios. As pindéricas e debotadas bandeirolas da festarola dita templária, aí estão para mostrar isso mesmo. Dois meses depois, ainda não foram retiradas, agora com o pretexto de que ficam para a próxima festarola das estátuas vivas e companhia. Querem enganar quem?
Limpar e desinfectar sarjetas? Assegurar uma manutenção urbana eficaz? Manter abertas as instalações sanitárias existentes? Desentupir os sumidouros? Acudir às reais necessidades da população? Era bom era, mas dá muito trabalho e não compensa. E assim temos a Corredoura inundada, erva a crescer nas ruas, mau cheiro e ratos no núcleo histórico durante o verão, etc etc. Mas o PS é bem capaz de ganhar de novo em 2025, graças aos votos dos empregados municipais, que não funcionam como deve ser, e portanto não se podem apelidar de funcionários. Porque há diferenças entre entre emprego e posto de trabalho. Entre servir e servir-se.
É claro que tudo isto não passa afinal de má-lingua de um tomarense alegadamente ressabiado, pelo que se pode considerar que todas as maleitas apontadas são provocadas pela crítica honesta, e não pelos que nunca se cansam de enganar os eleitores, os superiores hierárquicos, os colegas eleitos e quem mais seja necessário, para atingir os seus objectivos com o menor esforço possível. Que objectivos? Sacar, arrecadar, durar, enganar. Sempre naquela lógica "A gente é que sabe. Os gajos pagam mal, mas lixam-se que são mal servidos". Até quando vamos viver assim?
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