quinta-feira, 29 de setembro de 2022




Eleições no Brasil

Resultado incerto, com vantagem para Lula

Para os leitores de TAD 3 que se interessam por política e pelo Brasil, eis algumas informações sobre as eleições de Domingo próximo. Como sempre, é enorme a animação e a paixão que vai por esse imenso país fora. Bandeiras e mais bandeiras, música. muita música, carreatas (cortejos de automóveis) e motociatas. Até já se registaram dois assassinatos a sangue frio, ao saberem os criminosos que os agora cadáveres iam votar no adversário.

Embora só se fale praticamente da eleição presidencial, e dos dois candidatos mais cotados nas sondagens, Lula e Bolsonaro, o que vai acontecer domingo é bem mais complexo. Desde logo, porque o voto é obrigatório, para todos os brasileiros maiores de 16 anos. Quem não for votar, terá de se justificar depois, perante o Tribunal eleitoral. E se a justificação for recusada, paga uma multa.

Temos assim um corpo eleitoral próximo dos 200 milhões que, ao contrário do que se pensa no estrangeiro, terá de votar sucessivamente para presidente da república, senadores da república, deputados federais, governadores dos 27 estados da federação e deputados estaduais.

Não havendo urnas tradicionais, mas apenas electrónicas, foi estabelecida uma ordem de votação, da presidência para os deputados estaduais. Foi também atribuído a cada candidato, por sorteio, um número de dois dígitos que o identifica na votação. Para votar Lula, o eleitor tecla 13, para Bolsonaro tecla 22, para Capitão Wagner, candidato a governador estadual do Ceará, 44, e assim sucessivamente.

Durante o próximo domingo, em cada local de votação, fortemente vigiado a certa distância no exterior, o eleitor comparece com um documento de identidade, encontram o seu nome nos cadernos e ele assina. Depois dirige-se para a cabine de voto, onde está uma urna electrónica. Praticamente um computador simplificado, branco, com teclado e ecrã. Caso já não se lembre dos números dos candidatos em que pretende votar, em cada local de voto estão afixados na parede os cartazes dos candidatos todos, com foto, nome e número atribuído.

Frente ao computador, o eleitor digita o número escolhido e aparece no ecrã a fotografia a cores do candidato selecionado. Se não houver engano, basta então teclar em "confirmar" e passar aos senadores, depois aos deputados federais e assim sucessivamente. Quando termina a votação, a máquina emite um som, indicando aos membros da mesa que podem mandar avançar o eleitor seguinte.

Contrariando a conhecida frase dos comentadores políticos europeus, segundo a qual "os votos só se contam à saída da urna", aqui no Brasil vão sendo contados à entrada, de tal forma que, no final da votação, o presidente da mesa recolhe o rolo de registo da máquina, que é assinado pelos mesários, como forma de autenticação posterior em caso de dúvida.

Quem vai vencer? "Ya lo verá usted", como dizia o castelhano. Lula está agora com 47% e Bolsonaro com 32%. Mas são apenas sondagens, que valem o que valem. O primeiro é acusado de corrupção, quando foi presidente. O outro de não respeitar as mulheres. Um dia destes saiu-se com esta: "Ofendo as mulheres, mas não sou ladrão."

Caso nenhum dos candidatos à presidência consiga obter mais de 50% dos votos na primeira volta, o que é extremamente difícil porque são oficialmente 16, haverá segunda volta entre os dois mais votados, no domingo 23 de Outubro.

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