quarta-feira, 7 de setembro de 2022


Política municipal

O PORCO, O CHOURIÇO 

E A ÉGUA DO INGLÊS

Tenho o raro privilégio de poder conjugar, na escrita, duas vertentes da mesma posição. Discorrer sobre a minha querida terra de longe e de cima, tanto fisicamente, como intelectualmente. De forma que, quando me acusam de dizer mal dos tomarenses e de Tomar, forçam-me a sorrir. Na realidade, bem vistas as coisas, não digo mal de nada, nem de ninguém. Limito-me a descrever as coisas e as pessoas tal como elas são, na minha perspectiva, sem palavrões nem má educação.

Serve esta entrada para introduzir um tema delicado, que é o da mentalidade infantil de alguns adultos eleitores, naturalmente com o devido respeito. Infelizmente, não se pode escolher inteligência ou mentalidade, como quem compra uma camisa. Cada um é como cada qual. Um exemplo para mim chocante pode ser consultado no colega Tomar na rede. Ao noticiar o caso de um cão acorrentado a uma árvore, desencadeou uma série de comentários de cidadãos indignados. Normal.

https://tomarnarede.pt/sociedade/esclarecimento-sobre-o-caso-do-cao-preso-a-uma-arvore/

São contudo, em grande parte, os mesmos cidadãos que mantêm um persistente silêncio face aos graves problemas provocados pela governação local, à qual estamos todos acorrentados até às eleições de 2025. O que leva a supor estarmos confrontados com algumas mentalidades  infantis. Tal como as crianças, sabem distinguir o bem e o mal em situações objectivamente simples, e reagem em conformidade.  Mas não conseguem envolver-se em problemáticas complexas, como na política local, por exemplo. Ou não querem, o que não melhora nada a situação.

Em tal enquadramento humano, agindo de motu próprio ou devidamente assessorada por spin doctors desconhecidos dos eleitores, Anabela Freitas resolveu levar à prática o conhecido dito popularucho "oferecer um chouriço, a quem der um porco".  Deliberou, como presidente da Câmara, devolver em 2023 a cada contribuinte 1% do imposto anual, o tal chouriço, depois de anteriormente lhe ter sacado, como presidente da Tejo Ambiente, mais 23% em média na conta da água, o tal porco, e que animal! Repare-se que não é tão fortuito quanto parece. 1% de BÓNUS ANUAL representa apenas 20% dos 5% que a autarquia pode conceder, ou seja mais ou menos o mesmo, em teoria, que o aumento de 23% MENSAIS, da conta da água. Habilidoso, não é?

Mesmo assim, dirão, ou pelo menos pensarão, os apoiantes socialistas, "é bem bom!". Ou no mínimo "é melhor que nada!". Têm razão. Mas convém ir tendo cautela, pôr-se a pau, para não cair na situação da égua do inglês. O dono decidiu habituá-la a não comer, para ficar mais barato, e o animal foi-se acostumando, porque as éguas não emigram nem protestam, não lhe restando portanto alternativa.  Até que a dada altura morreu de fome, levando o inglês a exclamar "Azar! Logo agora que já estava a ficar habituada,  é que  morreu!" 

De qualquer forma, é tudo legal e feito às claras. "Nada na manga!", como diziam dantes os ilusionistas de circo. Só falta saber durante quanto tempo mais vão os tomarenses deixar-se enganar com semelhantes práticas. "Com papas e bolos se enganam os tolos", é um conhecido anexim popular, cuja versão tomarense parece ser "com festarolas, subsídios e descontos, se vão enganando os tontos.

Para que conste. Sem qualquer intenção de ofender quem quer que seja. Apenas de mostrar a (desagradável) realidade, tal como ela é, na perspectiva de quem escreve e paga impostos, como é lógico. A tal liberdade de opinião, que quase todos aceitam, todavia uns mais do que outros.

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