quinta-feira, 29 de setembro de 2022


Alta velocidade Lisboa-Porto-Vigo

Como se fosse uma surpresa desagradável...

É de desencanto, desalento, e desesperança o ambiente em Tomar e na região, perante o anúncio público do trajecto da futura linha ferroviária de alta velocidade. Santarém, Entroncamento e Tomar não foram comtempladas. Um desastre para os cidadãos de um país pequeno, como o nosso, habituados a ter tudo praticamente à saída da porta de casa. Mas queriam o quê, afinal?

O conjunto Santarém - Entroncamento -Tomar tem cerca de 120 mil habitantes. Na futura ligação ferroviária a construir, só Aveiro é que tem menos de 100 mil habitantes. E a linha vai ligar três aglomerações urbanas com mais de 300 mil habitantes cada uma: Lisboa-Gaia/Porto-Vigo. Nestas condições, a nossa região não tinha grandes hipóteses. E contas feitas, Leiria futura paragem do AVE, fica a pouco mais de 40 quilómetros.

Como bem sabem os que estão habituados a estudar estas coisas, a população desloca-se para onde há serviços essenciais, mas a inversa também é verdadeira. As infra-estruturas pesadas são preferencialmente construídas onde há mais população, o que se compreende, devido aos elevados custos iniciais. Temos neste caso os acordos celebrados com Espanha, no domínio do transporte ferroviário, com a linha de alta velocidade Lisboa-Madrid ainda em banho maria do lado português, porém já muito avançada do lado espanhol. E também não consta que venha a passar pelo Entroncamento ou Santarém. O único centro urbano ainda em dúvida é Setúbal, com 125 mil habitantes.

Mais uma vez abandonadas à sua triste sorte, neste caso da alta velocidade, as regiões do Médio Tejo e da Lezíria do Tejo, estão a ser vítimas de um círculo vicioso: Há cada vez menos população, porque faltam estruturas de acolhimento, e não se constroem essas estruturas porque há cada vez menos população. Com uma agravante. Sem anteverem as consequências nefastas das políticas que vão implementando, algumas autarquias estão afinal a incrementar a fuga da população.

Todos os especialistas por essa Europa fora sabem muito bem (embora a muitos não convenha admiti-lo) que em todos os casos conhecidos, quando se fomenta a integração social forçada de etnias diferentes, a tendência é para o êxodo dos habitantes de origem. Quer haja ou não questões de religião ou cor da pele. Aqui fica o recado, para quem possa ser útil.

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