Situação política local
O inferno são os outros
Sartre, outrora uma celebridade da extrema esquerda maoista, agora praticamente um desconhecido, escreveu algures que "o inferno são os outros". Viu bem o ilustre filósofo gaulês. Sobretudo nas terras e nos países pequenos, é prática comum procurar um bode expiatório para nele integrar todas as frustrações dos pensadores com recalcamentos da urbe.
Ainda recentemente o autor destas linhas foi vítima dessa prática nefasta, adorada pelos frustrados ditos de esquerda. Que à falta de argumentos, recorrem ao insulto mais reles, como foi o triste caso. Um deles escreveu aqui depois, em estilo amigável, (sob nome suposto, bem entendido), que este escriba é agora de direita "uma vergonha, um desperdício". Ignora-se onde foi a criatura sacar semelhante informação, mas pronto. Aceite-se. É bem sabido que burro velho já não aprende línguas. Mas continua por demonstrar que ser de direita, ou de qualquer outra tendência política, seja uma vergonha e um desperdício. Só cabeças sectárias podem pensar assim.
A última desse ilustre areópago local de comentadores sob nome suposto, é que quem isto escreve só pode ser um inimigo de Tomar, porque, ao ir-se para outras paragens, encorajou e encoraja outras e outros a seguirem-lhe o exemplo. Forçoso é reconhecer que está bem achado. Tem porém um senão.
Embora não o reconheçam, porque não lhes convém e estragaria tão brilhante raciocínio, quem escreve estas linhas tem a noção muito clara de ter servido Tomar, sempre que lhe pediram e sem esperar retribuição, perfeitamente consciente de que na política não há gratidão. Os milhares de visitas guiadas gratuitas à cidade e ao convento, o estatuto de "património da humanidade" para o Convento, a agora dissolvida comissão regional de turismo, aí estão como exemplos para mostrar quem fez mesmo algo em prol de Tomar, e quem se limita a fazer de conta que fez ou faz.
Dito isto, para o autor, uma coisa é servir Tomar desinteressadamente, como simples contributo cívico, outra muito diferente sacrificar a sua vida a favor da terra onde se nasceu e cresceu. Por conseguinte, não contem comigo para voltar atrás. Tenciono continuar por terras brasileiras, indo à querida terra natal apenas durante o verão.
Têm portanto razão os que pensam que escrever sobre Tomar a partir do outro lado do Atlântico, pode ser um encorajamento à emigração dos tomarenses. Na mesma linha de raciocínio, temos de reconhecer igualmente que a maioria PS vem procedendo em sentido oposto. Ao facilitar a vida aos ciganos locais, nomeadamente, fornecendo-lhes alojamentos gratuitos ou quase, e condições de vida que não teriam alhures, está indiscutivelmente a atrair mais ciganos para Tomar, uma forma de compensar a fuga da população. Falta saber se é mesmo isso que os eleitores tomarenses querem. Até agora, a julgar pelos resultados eleitorais, parece que tem sido. Mas há cada vez mais atritos e, por isso, mais reclamações. Demasiado tarde? Na política tudo é provisório, menos os custos.
Vai sendo tempo de pensar um bocadinho, antes de confundir tudo. Os causadores são os que criaram as causas de determinada situação. Não aqueles que depois escrevem sobre a mesma. Antes de fazer a cruzinha e meter o papel na urna, convém pensar duas vezes. Não há almoços grátis, nem festas à borla, por exemplo. A factura vem sempre mais tarde. A da Tejo Ambiente, e não só. Porque alguém tem de pagar a água e o resto, consumidos pelos que dizem que não têm meios para pagar. Essa de pensar que são sempre os outros os prejudicados, não passa de mais uma ilusão. Quem anda à chuva, molha-se forçosamente. Mesmo com chapéu de chuva, gabardine e galochas.
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