Turismo e estruturas de acolhimento
RECORDANDO E COMPARANDO
Julgo que tenho boa memória, o que nem sempre é uma vantagem. Por vezes pode ser mesmo um inconveniente. Quando vim para Fortaleza, há quase 7 anos, continuei a escrever no blogue, e recordo-me que um querido conterrâneo comentador, acobertado por nome suposto, se preocupou então com as minhas condições de vida aqui. Deu a entender que eu poderia estar a viver numa favela. Nunca foi o caso, mas mostra a ideia que alguns portugueses têm do Brasil. Um país do 3º mundo, violento, miserável e pouco desenvolvido.
Parece por isso oportuno esclarecer que o Brasil são 225 milhões de habitantes falando todos a mesma língua e sem que haja movimentos separatistas significativos. Até hoje apenas se separou a província Cisplatina, o actual Uruguai (4,5 milhões de habitantes), em 1827, cinco anos após a independência.
República federativa, 9ª economia mundial, tem 27 estados com larga autonomia e duas capitais estaduais, (S. Paulo e Rio de Janeiro), cada uma com mais população que Portugal. Não há problemas? Há, e muitos e graves. A segurança nas ruas, por exemplo. Há racismo? Há sim senhor, mas é residual, sem a gravidade dos USA. E também há discriminação pela positiva. Índios e afro-brasileiros tem contingentes próprios reservados, nas universidades públicas.
Fortaleza, onde vivo, é uma cidade jovem, com menos de 3 séculos. Tem 2,5 milhões de habitantes, entre os quais 49 tribos de índios ou povos originários, como se diz por aqui. É capital do estado do Ceará, actualmente com 6,5 milhões de habitantes e o triplo da superfície de Portugal.
Muito frequentada por turistas do interior (Manaus, Acre, Rondónia ou Roraima ficam a mais de dois mil quilómetros da costa), em busca do ar fresco do Atlântico sul, tem um longo calçadão. São perto de 6 quilómetros entre a Praia de Iracema e o Mercado dos peixes, no Mucuripe, devidamente equipados para o turismo. Ora veja as imagens obtidas na nossa caminhada de ontem:
Este vosso servidor, devidamente equipado, ao lado da indicação "Rota acessível - Dragão do Mar - Mercado dos Peixes. (ao fundo, do lado esquerdo)
Uma das múltiplas instalações sanitárias existentes ao longo do calçadão, abertas 24 horas e com empregada de limpeza sempre presente (à esquerda, sentada).
É também isto o Brasil, um país do 3º mundo, sem fundos europeus, mas com gasolina a 4,75 reais = 95 cêntimos/litro. A viagem ida e volta na TAP? Actualmente 850 euros/passageiro para 7H15 de voo directo em cada sentido.
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