domingo, 18 de setembro de 2022

Turismo e estruturas de acolhimento

RECORDANDO E COMPARANDO

Julgo que tenho boa memória, o que nem sempre é uma vantagem. Por vezes pode ser mesmo um inconveniente. Quando vim para Fortaleza, há quase 7 anos, continuei a escrever no blogue, e recordo-me que um querido conterrâneo comentador, acobertado por nome suposto, se preocupou então com as minhas condições de vida aqui. Deu a entender que eu poderia estar a viver numa favela. Nunca foi o caso, mas mostra a ideia que alguns portugueses têm do Brasil. Um país do 3º mundo, violento, miserável e pouco desenvolvido.

Parece por isso oportuno esclarecer que o Brasil são 225 milhões de habitantes falando todos a mesma língua e sem que haja movimentos separatistas significativos. Até hoje apenas se separou a província Cisplatina, o actual Uruguai (4,5 milhões de habitantes), em 1827, cinco anos após a independência.

República federativa, 9ª economia mundial, tem 27 estados com larga autonomia e duas capitais estaduais, (S. Paulo e Rio de Janeiro), cada uma com mais população que Portugal. Não há problemas? Há, e muitos e graves. A segurança nas ruas, por exemplo. Há racismo? Há sim senhor, mas é residual, sem a gravidade dos USA. E também há discriminação pela positiva. Índios e afro-brasileiros tem contingentes próprios reservados, nas universidades públicas.

Fortaleza, onde vivo, é uma cidade jovem, com menos de 3 séculos. Tem 2,5 milhões de habitantes, entre os quais 49 tribos de índios ou povos originários, como se diz por aqui. É capital do estado do Ceará, actualmente com 6,5 milhões de habitantes e o triplo da superfície de Portugal.

Muito frequentada por turistas do interior (Manaus, Acre, Rondónia ou Roraima ficam a mais de dois mil quilómetros da costa), em busca do ar fresco do Atlântico sul, tem um longo calçadão. São perto de 6 quilómetros entre a Praia de Iracema e o Mercado dos peixes, no Mucuripe, devidamente equipados para o turismo. Ora veja as imagens obtidas na nossa caminhada de ontem:



Este vosso servidor, devidamente equipado, ao lado da indicação "Rota acessível - Dragão do Mar - Mercado dos Peixes. (ao fundo, do lado esquerdo)






Há sinalização em todo o percurso, com cores garridas, para atrair a atenção.

Gente modesta, os urbanistas locais, apesar de terem muito espaço disponível, instalaram ciclovias partilhadas, onde os atletas também podem praticar.



Uma das múltiplas instalações sanitárias existentes ao longo do calçadão, abertas 24 horas e com empregada de limpeza sempre presente (à esquerda, sentada). 

É também isto o Brasil, um país do 3º mundo, sem fundos europeus, mas com gasolina a 4,75 reais = 95 cêntimos/litro. A viagem ida e volta na TAP? Actualmente 850 euros/passageiro para 7H15 de voo directo em cada sentido.

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