quinta-feira, 15 de setembro de 2022

 


Informação local

Vale a pena escrever para tais leitores?

Saco dados objectivos, da Google, sobre o nosso estimado colega Tomar na rede, para não me acusarem de parcialidade, ou de quaisquer interesses obscuros. Segundo esses dados estatísticos daquele servidor de internet, a notícia sobre o cão preso a uma figueira ultrapassou os 150 mil leitores, uma outra sobre clientes que comeram e não pagaram já chegou aos 177 mil, enquanto uma terceira, sobre obras camarárias ao lado da Sinagoga, que incluem instalações sanitárias, não chegou aos 300 leitores. Porquê? A maioria PS local, com a sua manifesta alergia às críticas, também já conseguiu inibir as pessoas, ao ponto de ficarem agoniadas perante notícias de questões locais, antes mesmo de as lerem? É o que parece. E "em política, o que parece é".

Naturalmente, o tipo noticioso escolhido pelo administrador do Tomar na rede, o fait divers, não pode ser posto em causa. É tão legítimo e útil como outro qualquer. Cabe contudo perguntar: Em termos práticos, de retribuição pelo esforço feito, valerá a pena gastar tempo e paciência a escrever para leitores assim? Bem sei, têm os mesmos direitos e os mesmos deveres dos outros. O problema é que não parecem poder exercer capazmente nem uns nem outros, uma vez que deliberadamente se alheiam da realidade envolvente, excepto quanto a mexericos sem importância, conforme se vê. E isso nota-se na evolução local e nacional, quando comparadas com outras cidades e outros países.

Não se trata de uma crítica, a bem dizer. Apenas de uma chamada de atenção. Porque, se ninguém alertar, muitos ainda são capazes de alegar que nunca se deram conta dessa mazela democrática. Aqui fica portanto o reparo, que pouco ou nada vai alterar. 

Em qualquer caso, bem faz o autor destas linhas. Insiste em escrever coisas consideradas complicadas, e por isso aborrecidas, que poucos lêem, usando as mais variadas desculpas, mas há muito que anunciou que o faz para memória futura. Para serem lidas daqui a dez, vinte ou trinta anos. Havendo quem leia desde já, é uma vantagem, um "plus", como agora se diz, não previsto no projecto inicial, e que se saúda como tal, agradecendo aos pacientes leitores. Tanto aos que o fazem abertamente, como aos que só lêem de forma encapotada. Para poderem depois, eventualmente, negar que o fazem. A vida está difícil para todos, e nunca se deve morder a mão que nos dá de comer. Estamos ainda muito longe de aceitar, como acontece pelo norte da Europa, que "não pode haver elogio com algum valor, sem simultânea liberdade de crítica". Nem cão manso e livre com açaimo.

ADENDA

Não venham com a balela "Não leio o Tomar a dianteira, porque o gajo escreve mal e não diz nada de jeito." É consensual na urbe, entre os anti-Rebelo, algo praticamente oposto: "O gajo escreve bem, mas só sabe dizer mal." Sendo assim, vivemos numa curiosa situação em Tomar. Prefere-se ler quem escreve mal, mas só diz bem, mesmo atraiçoando a realidade factual, em vez de fazer o contrário: ler quem escreve bem e tem a coragem de mostrar a realidade com ela é de facto. Assumam-se, que Diabo!

Aqueles insultos ordinários, abaixo de cão, que levaram ao afastamento de quem isto escreve do Tomar na rede, não foram simples fruto do acaso. Tratou-se de um trabalho de encomenda, executado por quem, à falta de argumentos, resvalou para o insulto mal educado e reles, que deixou marca indelével. Lamentável. De tal forma que, desde então, nunca mais este escriba conseguiu olhar para os eleitores locais da mesma maneira. (Ia a escrever "conterrâneos", em vez de eleitores locais, mas recuso-me a acreditar que quem nasceu e vive  em Tomar possa ser assim tão casca grossa.) 

Exagero? Talvez. Mas sempre ouvi dizer que "quem não se sente, não é filho de boa gente".

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