Festarolas municipais
Por este caminho estamos cada vez pior
Terminou mais uma festarola dita de animação cultural e promoção turística. Paga pela Câmara, como habitualmente, desta vez foi coisa modesta. Três dias de festividades por apenas 30 mil euros. Comparada com a Festa templária, foi uma pechincha. Mesmo assim, dado que não havia entradas pagas, "é só fazer as contas", com dizia o outro. A este ritmo, ao fim de um ano seriam 3,7 milhões de despesa, mesmo com festarolas baratas. Agora acrescentem os tabuleiros, que aí vêm e custarão mais de um milhão, sem retorno transacionável, para ter uma ideia realista da situação nabantina.
Tanta despesa para quê? Fora da alta estação turística, como agora, e em tempo de crise, eventos popularuchos, mesmo gratuitos, só atraem os basbaques da zona. Os da área urbana e os das redondezas. Quando consomem umas bebidas, já não é nada mau. Seria aliás interessante conhecer os resultados operacionais da anunciada street food, para futuro planeamento, no quadro da ajuda à decisão, mas a informação honesta e atempada não faz parte da actual cultura camarária, o que se lamenta uma vez mais.
De duvidosa capacidade de atracção turística na época baixa, os eventos culturais, mesmo os fora de série, são uma asneira quando não facultam valor acrescentado transacionável, em plena época alta. Simplesmente porque propiciam abusos de toda à ordem e mostram as carências flagrantes da urbe, em termos de estruturas de acolhimento. Quem acredita, por exemplo, que um excursionista entregue à sua sorte à porta do RI15, com a indicação de que aí deve voltar a tal hora, depois de assistir ao desfile dos tabuleiros, se vai depois embora satisfeito com a viagem?
Dirão os apaniguados, e outros apoiantes circunstanciais, enquanto houver lugar à mesa do orçamento, que o povo gosta de festas, como tem demonstrado, ao eleger três vezes seguidas a actual maioria. É verdade. Mas nada de ilusões megalómanas. Nas actuais circunstâncias, aceitam-se os resultados eleitorais, porque tal faz parte da legalidade democrática e temos de viver em sã convivência. Mas os 7 mil e tal votos obtidos pela lista PS há um ano, (menos 800 que em 2017), representam menos de 25% dos 33 mil eleitores inscritos, ou seja menos de um em cada quatro inscritos. Muito menos portanto que os mais de 40% que nem sequer votam.
De forma que, em vez de virem anunciar, uma vez mais, que a festarola gratuita foi um grande sucesso, talvez fosse melhor pensar naqueles eleitores que não têm passeios à frente das portas, que não têm rede de esgotos, que pagam tratamento de esgotos que não são tratados, que se queixam de falta de estacionamento, ou da flagrante falta de instalações sanitárias abertas, ou ainda dos excessos no bairro calé, por exemplo. E acessoriamente ir fazendo uma revisão geral, em busca de novas ideias, mais compatíveis com os interesses reais dos tomarenses. Afinal, em 2025 a equipa terá de mudar forçosamente. Sai a líder. E um grupo novo com ideias velhas e gastas, seria realmente um desastre anunciado. Mesmo sem oposição, como até agora. Entretanto, por este caminho, estamos cada vez pior. Mas alegres, apesar de tudo.
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