sábado, 24 de setembro de 2022

 

Imagem Tomar na rede. Aspecto do acampamento do Flecheiro.

Realojamento dos ciganos do Flecheiro

Afinal, o PSD não parece, mas até sabe...

"A problemática é complexa, possivelmente daqui a 10, 15 ou mais anos, o assunto não estará debelado. Há questões de interculturalidade por resolver, em que a radicalidade e o extremar de posições só dificultam. Parece haver um caminho a percorrer."

"Ao que consta, no passado também existiam hipóteses de resolução, talvez mais eficazes, só que efectivamente não chegaram a ser concretizadas... ...depois a liderança da governação camarária mudou de partido."

Luis Francisco, vereador pelo PSD, Flecheiro 1,2,3, 

Cidade de Tomar de 23/09/2022, página 10

Surpreendente? Também quem escreve estas linhas ficou atónito. Apesar do mar de bonança que têm sido as reuniões do executivo tomarense, pelo menos um dos eleitos pelo PSD não parece concordar com a solução adoptada para o realojamento dos ciganos de Flecheiro. Duvida até que o problema possa estar ultrapassado daqui a 15 ou mais anos. Não é pouca coisa!

Imagine-se! Uma questão de tanta gravidade e os social-democratas nunca discordaram em público, que se saiba, nem apresentaram alternativas no lugar próprio -as reuniões do executivo camarário. Porquê? Por falta de propostas próprias? Não parece ser o caso. No próprio texto é dito que "no passado também existiam hipóteses de resolução, talvez mais eficazes..."

Tolhidos porque "Há questões de interculturalidade"? Se é o caso, estão equivocados. Não existe no contexto, salvo mais fundamentada opinião, qualquer interculturalidade. Os ciganos em questão têm a mesma nacionalidade, a mesma língua, a mesma religião, em muitos casos a mesma naturalidade, e praticamente os mesmos costumes dos tomarenses. Pelo contrário, há é evidente falta de cultura, de abertura de espírito, de parte a parte, porém muito mais óbvia nos ciganos, tradicionalmente avessos à mudança de hábitos.

Existe também, e não é pouco, uma generalizada recusa de integração social, de assimilação, do chamado "povo calé de origem romani", que tende a marginalizar-se, para daí extrair benefícios (não pagar impostos, auferir o RSI, beneficiar de alojamentos gratuitos ou de rendas baixas, que em muitos casos não  pagam, conseguir auxílio alimentar das IPSS, praticar pequenos delitos, não obedecer a certas normas sociais, etc).

Perante tal comportamento geral, as autarquias têm agido de forma menos adequada, em geral aconselhadas por assistentes sociais formados num sistema de ensino que assimila os ciganos a estrangeiros exóticos e renitentes, que reivindicam o direito ao seu próprio estilo de vida, camada social abundante na periferia de Lisboa, por exemplo, mas praticamente inexistente em Tomar. Donde um certo receio de os levar a cumprirem  normas sociais que a todos obrigam.

Dois exemplos, para que não restem dúvidas, nalguns espíritos menos abertos: 

1-Quando finalmente foi imposto aos ciganos que só podiam receber o RSI depois de matricularem a descendência no ensino obrigatório, e apresentarem o respectivo certificado, praticamente  todos abandonaram o costume tradicional de não mandar os filhos (sobretudo as filhas) à escola, como no Afeganistão. Foi remédio santo, nesse aspecto. Aguardam o quê, para prosseguir nessa linha de exigências sine qua non ?

2 -Uma das queixas mais frequentes contra os ciganos é o barulho excessivo fora de horas. Lamentam-se os vizinhos, que chamam as autoridades e estas nada podem fazer, pelo que a pouca vergonha continua. Aqui em Fortaleza, onde não há ciganos mas há favelas, chamadas comunidades, nos condomínios e respectivos arredores, quando há casos de altercação nocturna ou excesso de barulho, chama-se a polícia militar, que avisa, processa e multa os faltosos. Geralmente resolve. Mas o Brasil fica no 3º mundo, e tem muita violência urbana. É melhor a "paz podre" tomarense. Rende mais votos, e isso é que importa.

Regressando ao escrito de Luís Francisco, vereador pelo PSD, salvo outra e melhor opinião, parece-me lamentável que discorde das opções camarárias, que considera erradas e onerosas para o município, sem todavia o dizer no local próprio, ou apresentar propostas alternativas. Mostra assim que os eleitos pelo PSD também praticam afinal o "quanto pior melhor" da velha extrema-esquerda, ao agirem deliberadamente no sentido de deixarem os socialistas enterrar-se quanto mais melhor, pois 2025 é já ali adiante. Conseguirão?


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