Obras fundamentais e obras ornamentais
Julgarão talvez os leitores que, mesmo longe da terra, se está sempre com as informações em dia. Nada menos certo. Ainda hoje digitei isto:
https://www.cidadetomar.pt/category/ultimas/
e apareceram-me notícias de Julho de 2020. Podia ser pior. Felizmente a internet é coisa relativamente recente. Se assim não fosse, ainda acabaria por acessar a certidão de nascimento do Gualdim, quando procurasse a do saudoso Nini Ferreira.
Sob reserva de ter percebido bem, a autarquia vai mandar fazer obras na Rua Nova, oficialmente Rua Joaquim Jacinto, que não sei quem foi. Coisa para 600 mil euros no total. Uma parte fundamental, outra ornamental.
A parte fundamental consiste na substituição do piso, das redes de água, esgotos e electricidade, bem como na instalação da rede de gás, nos dois terços oeste da citada artéria, uma vez que o troço entre a Rua dos Moinhos e a Levada já foi requalificado em 2010. Trata-se de obra fundamental, da chamada infra-estrutura, que só peca por tardia e por ser demasiado modesta. A Rua Aurora Macedo, a Rua do Pé da Costa de Baixo, o Largo do Quental, a Rua do Teatro e parte da Rua Infantaria 15 ficam para quando? Decerto para outra maioria autárquica, mais realista e menos comichosa.
Sob a cobertura da obra útil, a autarquia aproveita para fazer obras no quintal anexo à Sinagoga, que entretanto adquiriu, não se percebe porquê nem para quê. Obras meramente ornamentais, por conseguinte, pois nunca aquele logradouro fez parte do templo judaico, tanto quanto se sabe. Assim sendo, vai servir para quê? Como jardim público?
A câmara já possui, na Rua de Pedro Dias, um terreno equivalente, que lhe foi doado por uma ilustre família tomarense. Além do ligeiro arranjo, que consistiu na consolidação do muro, com a abertura de uma porta gradeada, para que tem servido?
Compreender-se-ia que a autarquia adquirisse o prédio a nascente da Sinagoga, cuja edificação implicou a destruição de metade do templo judaico. Seria uma condição prévia para se poder sondar a existência de eventuais vestígios da parte desaparecida da Sinagoga. Ao que se diz, a parte reservada aos homens, sendo a parte agora visitável a das mulheres. Como se sabe, os judeus continuam a praticar a separação homens/mulheres nos locais de oração, incluindo no Muro das lamentações, em Jerusalém.
O arranjo do referido quintal é apenas mais uma obra ornamental, praticamente inútil à nascença, pois não se vê para que possa servir. Para espectáculos intimistas? Não adianta vir com argumentação que envolva os "banhos rituais", mesmo ao lado. Trata-se de uma balela de todo o tamanho. Nunca foram tal coisa. Aquela sucessão de grandes talhas enterradas mais não era que um esconderijo para cereais, azeite e vinho, muito necessário para obstar ao "direito de comedoria".
O autor destas linhas recuperou quatro prédios antigos no centro histórico e em todos eles encontrou talhas enterradas, que ainda lá estão, com vestígios de azeite e vinho. Querem melhor prova da falsidade do alegado "mikva" da sinagoga? Mas em Tomar já começamos a estar habituados. Se "na política o que parece é", na vida em geral raramente o que parece é. As aparências iludem. A começar pelo pénis do Gualdim (ver imagem supra).
Caro António Rebelo ,não tenho total certeza sobre a forma de aquisição do referido terreno no tempo de António Paiva ,mas parece-me que á época a autarquia pagou um determinado valor para a aquisição do terreno onde agora está instalado um posto de transformação .Terreno esse que confina com a Rua Pedro Dias e Rua Aurora Macedo .
ResponderEliminarJá agora o remanescente do terreno poderia servir : para jardim , estacionamento automóvel exclusivo a moradores, parque infantil ,etc .