sexta-feira, 30 de setembro de 2022


Política local

Com evidente carência de cultura democrática, os eleitos do executivo autárquico nabantino vão preparando sem querer um lindo funeral para a cidade e o concelho em 2025

Não devia escrever o título supra, nem o que segue, caso o meu intuito fosse aceder ao poder local. Uma vez que não tenho idade, nem vontade, nem paciência para tanto, desculparão aqueles leitores mais intolerantes, mas insisto nos meus pontos de vista. Que poderão estar errados, mas ainda ninguém me demonstrou que assim é. Estão apenas interessados em que me cale. Por alguma coisa será.

Infelizmente, desde 2013 que temos executivos tomarenses cujos membros, salvo honrosas excepções, carecem de cultura democrática. As sucessivas maiorias PS denotam autoritarismo, intolerância e arrogância. Ou têm feitio de ditador, ou alma de lacaio, ou ambos. A frase não é minha, mas do velho socialista Manuel Alegre, em plena AR. Assim, alguém se recorda de ver os membros da atual maioria aceitarem uma crítica, ou prometer uma alteração, após crítica e debate sério? Pelo contrário, acham que as propostas adversas são apenas opiniões sem valor. Venham de onde vierem.

Ainda recentemente, a propósito de um incidente no Bairro 1º de Maio, em que um grupo de habitantes se manifestou, com alguma violência, contra a instalação de mais uma família cigana, a resposta do vice Cristóvão à Rádio Hertz foi lapidar: "Prevaleceu e prevalece sempre a decisão camarária." Querem mais claro? Assim falam em geral os ditadores.

Perante tão absurdo e condenável comportamento, qual a atitude da outra componente do executivo, os 3 vereadores PSD? Concordam sempre, ou na maioria dos casos, com os socialistas. Pior ainda, quando a atual maioria vê a situação às avessas, acusando os críticos de mesquinhice e má-fé, quando afinal são os socialistas locais que se têm revelado intolerantes, arrogantes e sectários, os social-democratas, apesar de maltratados amiúde, também acham que a culpa é de quem critica. Mentalidade de sitiados, típica dos menos competentes.

Temos até, agora, uma situação algo cómica. Enquanto deputados municipais laranja acusam o executivo de não respeitar a Assembleia Municipal, assim se colocando numa posição ilegal, no executivo os vereadores PSD nada dizem, concordando implicitamente com o pensamento dominante no PS: "Eles querem é derrubar o executivo e tomar conta do poder." Será mesmo?

No triste e preocupante estado atual das coisas, tudo parece indicar que os pouco cultos membros do executivo estão a preparar, involuntariamente, um lindo funeral para a cidade e o concelho, em 2025. De que forma? Nas eleições de 2021, o PS local perdeu 800 votos em relação ao mandato anterior. Pouca coisa? Seria realmente, não fora o caso de terem sido eleitos com apenas 7.157 votos. Menos de 25% do corpo eleitoral. E depois armam-se em representantes da maioria. Que maioria? Por serem 4 em 7? Mas a oposição representa 6.248 votos, apenas menos 909 que os socialistas. Por conseguinte, o peso eleitoral das propostas PSD pouco difere do das propostas socialistas. Porquê e para quê então tanto autoritarismo, tanta sobranceria?

Os 800 votos perdidos pelo PS em 2021 não foram para a oposição PSD, que também perdeu 567 votos, o que tende a mostrar que as duas componentes do atual executivo estão a afundar-se. Lentamente, mas sem remédio, porque o causador das quedas foi o CHEGA, que arrecadou em 2021 1.108 votos, o que representa 6,15%. Não é realmente grande coisa, pensarão os simpatizantes dos partidos tradicionais, mas convém ter em conta que foi a primeira vez, e passou logo a ser a 3ª força política no concelho. Quem já conseguiu melhor?

Como vai ser em 2025? Olhem para a Itália e para a vitória de Meloni, num país fundador da União Europeia, em que os comunistas chegaram a alcançar 30% dos votos. Depois, não venham dizer que o culpado é o Ventura. Ou o Américo, seu eleito local, de quem os socialistas tomaristas têm dito o que nem Maomé disse da carne de porco, só porque é um cidadão tomarense, empenhado, sincero e frontal, que não vive da política, nem é funcionário público.

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