segunda-feira, 19 de setembro de 2022


Aspecto do Tanque grande ou da Cadeira d'El-Rei, vendo-se ao fundo, à esquerda, a entrada do aqueduto na Mata conventual, e ao centro, uma das casas de filtração da água. Era daqui que saía a água para regar parte da Cerca, e para o Convento.

Outro aspecto do Tanque grande ou da Cadeira d'El-rei, vendo-se ao fundo um dos muros de suporte, escorado há mais de 20 anos. Para quando o restauro?

Cisterna da fortaleza portuguesa de Mazagão-El Jadida-Marrocos. Foto A. Rebelo.

Jornadas europeias do património

Aqueduto dos Pegões 

-esse abandonado à sua sorte

Refere a informação local que a direcção do Convento de Cristo resolveu organizar duas visitas guiadas gratuitas, com obrigatória inscrição prévia, às cisternas e outras partes do monumento que fazem parte do sistema de recolha da água. Basicamente o existente antes da edificação do Aqueduto dos Pegões, que consistia no aproveitamento da água das chuvas e de alguns poços, e depois o do próprio aqueduto, muito mais vasto.

Sendo naturalmente de louvar a iniciativa, deve-se também denunciar como simples propaganda barata. As cisternas são realmente imponentes e merecem a visita, sobretudo a do claustro da Micha, irmã da de Mazagão-El Jadida-Marrocos (ver foto supra), mas os Pegões estão em grave risco há décadas, desde que neles deixou de correr a água das nascentes, roubada algures, e a DGPC, que gere ou devia gerir o Convento e o Aqueduto, nada faz para reverter a situação, mesmo agora que atravessamos uma crise hídrica, há fundos europeus disponíveis para o efeito, e o tema deste ano das tais Jornadas europeias do património é "Património sustentável".

Se não estão a brincar com os contribuintes, parece. Ou julgam que as duas visitas guiadas gratuitas vão contribuir alguma coisa para restaurar o Aqueduto e pôr de novo a água da nascente da Boca do cano a chegar ao Tanque da Torre de Dª Catarina? Para animação cultural e políticas de faz de conta, já temos a Câmara, que mesmo assim já fez mais para salvar os Pegões do que a própria DGPC.

https://tomarnarede.pt/cultura/convento-de-cristo-mostra-antigos-sistemas-de-captacao-e-armazenamento-de-agua/

4 comentários:

  1. Antes de mais quero felicitar pela divulgação do Aqueduto, mas também deixo já uma crítica: continua a diminuir-se o Aqueduto aos "Pegões" e não o tratando no seu conjunto de Aqueduto do Convento de Cristo (e da sua Cerca). De facto o troço dos Pegões Altos é o mais conhecido e monumental mas existem muitos mais no percurso dos 6km. É importante tratá-lo como um todo e até para que no futuro (oxalá) possa ser em conjunto com a Cerca (atual MN dos 7 Montes) um monumento integrado e classificado pela Unesco.

    Sobre quem é o "dono" e acima de tudo responsável pela sua manutenção também gostaria de saber.. No terreno já vi marcos com a sigla "CM" (serão assim terrenos municipais?) e a DGPC em tempos respondeu-me a essa questão o seguinte:

    "(...) a DGPC só tem a responsabilidade direta, isto é, obrigação de conceber/executar obras nos imóveis que lhe estão afetos, o que não é o caso do Aqueduto do Convento de Cristo (com exceção do troço final que liga ao corpo conventual). Segundo cremos, este imóvel estará afeto à Câmara Municipal de Tomar, numa extensão significativa do seu percurso. Nestas situações, o município envia os projetos, seus e de particulares, quer respeitantes a intervenções no monumento, quer os respeitantes a intervenções nas zonas de proteção (zona geral de 50 m / zona especial de proteção), para que a DGPC se pronuncie, como consta da Lei de Bases do Património Cultural, Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro.
    (...)
    A DGPC tem colaborado com a Câmara Municipal de Tomar nas obras levadas a efeito no aqueduto, nomeadamente na campanha levada a efeito em 2016, no troço que inspirava maiores cuidados. A monitorização do estado de conservação do aqueduto cabe, em primeira instância, à Câmara Municipal de Tomar."

    Nota: em Lisboa a manutenção do AALivres foi entregue à EPAL, mas por cá se calhar é melhor não entregar à TejoAmbiente..

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    1. Este seu comentário fornece um dado importante. A DGPC considera erradamente que não tutela os Pegões, que sempre foram e são parte integrante do Convento de Cristo. Eles próprios reconhecem isso mesmo, sem se darem conta, ao admitirem que lhes pertence a parte final daquela obra hidráulica, que confina com o Convento. A ser assim, eles que expliquem onde começa e onde acaba essa tal parte confinante, e em que se baseiam para seccionarem uma obra monumental classificada como monumento nacional, como se fosse um mero chouriço. É mesmo uma posição piadética!
      Sobre a questão dos marcos, convém esclarecer que até ao confisco pela Coroa em 1834, todos os terrenos da zona de Tomar pertenciam à Ordem de Cristo, por vezes delimitados por marcos com a cruz da Ordem. Posteriormente, alguns foreiros apoderaram-se abusivamente das partes que amanhavam e mandaram pôr marcos, que nada justificava.
      No caso do aqueduto, havia e subsiste uma zona de cerca de 2 metros de cada lado que pertence ao monumento.
      Quanto à sua crítica, se coltar a ler, vai encontrar uma frase que responde: "Da nascente da Boca do cano [a cerca de 300 metros da bifurcação para o Agroal] ao tanque da Torre Dª Catarina."

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    2. Pois, o tradicional jogo do empurra.. já sabemos que se der para taxar ou portajar não tem interesse )))
      Mas fico na mesma.. é terra (monumento) de ninguém (na verdade os terrenos estarão registados em nome de alguma entidade/pessoa, talvez o dito proprietário saiba ahaha)

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    3. Infelizmente para todos os que defendem Tomar e o seu rico património, a questão dos Pegões é bem mais grave do que à primeira vista possa parecer. Só para ter uma ideia: No século passado, ainda o Convento e os Pegões eram tutelados pelo Ministério das Finanças - Direcção geral da Fazenda Pública, fui contactado pelo chefe da repartição de finanças de Tomar (actualmente Autoridade Tributária e Aduaneira) que pretendia saber a quem pertencia o laranjal do Castelo dos Templários. Ou seja, o próprio representante máximo local do dono, ignorava o que lhe pertencia de facto Meio século mais tarde, continuamos na mesma, agora em relação aos Pegões.
      Os terrenos e o próprio aqueduto na sua totalidade, tal como o Convento ou a Igreja de S. João, ou qualquer outro monumento não estão registados, porque o Estado nunca os mandou registar. Se houver terrenos confinantes com o aqueduto já registados, foi porque os respectivos foreiros ou descendentes invocaram a propriedade por usucapião, (o que está agora muito na moda) e o Estado não fez valer o seu direito nos termos legais, por não saber que é o dono.

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