Dia a dia local

MURO DE LAMENTAÇÕES - 1

Convém começar por explicar o título acima. Tomar é, como todos bem sabemos, uma terra de gente inteligente, tolerante e cosmopolita, salvo erro, mas que não aceitaria o silêncio sobre tal matéria. Poderiam até alguns, apesar do habitual e pesado silêncio geral, avançar com a ideia de anti-semitismo. Em Tomar tudo é possível.

Muro DE lamentações é uma alusão evidente ao Muro DAS lamentações, em Jerusalém.

Nele os crentes judaicos, masculinos à direita, femininos à esquerda, oram e deixam nas fendas entre blocos de calcáreo as suas lamentações escritas. (ver fotos)

Neste caso do Tomar a dianteira 3, não haverá orações, nem separação masculino/feminino. Apenas lamentações, protestos e outras observações.

CANTARIAS PINTADAS

Lê-se no Tomar na rede que foram pintadas algumas cantarias das janelas do velho Edifício dos cubos. Apesar da vasta audiência daquele blogue, ainda ninguém comentou. Tomar está a parecer-se cada vez mais com a Parvónia. Tudo acomodado. Ou comprado?

Pelo caminho que as coisas levam, apesar de já por cá andar há quase oito décadas, talvez ainda consiga ver a fachada de S. João pintada de verde ervilha, as muralhas do castelo a amarelo canário e a fachada da Câmara em cor de rosa pantera.

De acordo com gosto agora dominante, não há dúvida que vai ficar tudo muito mais bonito para a fotografia.. Como a Nun'Álvares ou a Várzea grande.

IMPUNIDADE

Uma comerciante da Rua direita cansou-se de esperar que a câmara mandasse tapar um buraco na calçada e meteu mãos à obra. Logo um dos raros comentadores anónimos que ainda resistem escreveu que se calhar a câmara ainda ia multar a senhora, por ter feito obras sem licença.

A brincar, a brincar, a situação é mesmo essa. A clique que de facto gere a autarquia, composta exclusivamente por funcionários promovidos sem concurso universal, segura da sua impunidade, vai transformando pouco a pouco Tomar numa localidade da América Latina, vulgo república das bananas. Neste caso dos bananas eleitos e/ou nomeados.

QUE BEM PREGA FREI TOMÁS

A câmara PS pagou a edição do livro Carta arqueológica do concelho, de Carlos Batata, uma obra já caduca, apesar das revisões entretanto efectuadas. Durante a sessão de lançamento,o autor afirmou designadamente "Temos uma riqueza muito grande que importa acautelar." Está bem dito.

Pena é que o mesmo arqueólogo Batata seja o autor de um relatório muito específico, pago pela autarquia,  que há cinco anos permitiu  desclassificar as ruinas romanas de Cardais, monumento nacional desde 1910. Porquê e para quê, ainda ninguém sabe fora da clique dirigente. Mas vamos dar tempo ao tempo. Entretanto aqui fica um dístico muito apropriado para o cidadão Batata: "Que bem prega frei Tomás; façam como ele diz; não olhem para o que ele faz."

VESTÍGIOS MUÇULMANOS ???

O mesmo arqueólogo Batata, estimado conterrâneo, vem defendendo que existem em Tomar importantes vestígios da presença muçulmana. Nas escavações efectuadas aquando das recentes obras da sinagoga disse ter descoberto provas evidentes da tal ocupação muçulmana, nos séculos IX e X.

Infelizmente escapou-lhe um detalhe importante, que anula a sua afirmação. Até à vinda do Infante D. Henrique para Tomar, como governador da Ordem de Cristo, em 1420, o actual centro histórico a poente do Nabão era composto por duas várzeas, cujos nomes ainda perduram em 2021 -a Várzea pequena e a Várzea grande. O que indica que era desabitado, posto que várzea sempre foi um terreno inundado. A não ser que os alegados muçulmanos vivessem em habitações palafitas. Mas nunca constou. E quando o infante mandou regularizar o curso do Nabão já os muçulmanos se tinham ido de Portugal há mais de duzentos anos.

Deixo para melhor ocasião a questão dos 160 silos enterrados existentes na cidade velha, para o sr. Batata outro sinal da presença muçulmana, pois a prosa já vai longa.

AZAR DO MACEDO

O ilustre colega Paulo Macedo, director do Agrupamento Templários, não conseguiu ser reeleito para aquela mesma função. Com a reunião num dia 13 e com 13 votantes, estava-se mesmo a ver que ia dar azar. Sei do que falo. Nasci num dia 13 e é o que se tem visto.