terça-feira, 27 de abril de 2021

 




Árvores da Várzea grande

MAIS UM DESASTRE FRUTO DA INCOMPETÊNCIA

António Rebelo

Secaram as seis dezenas de novas árvores plantadas na Várzea grande, naqueles caríssimos recipientes de calcáreo que também são bancos, daqueles para se sentar e não para depositar. Ou quando foram transplantadas já estavam secas? Nunca saberemos: https://tomarnarede.pt/destaque/morreram-todos-os-jacarandas-da-varzea-grande/
São jacarandás mimosos, árvores de médio porte (até 15 metros de altura) originárias da Argentina, Bolívia e Brasil, que preferem o clima subtropical. Muito utilizadas para ornamentar ruas, praças e parques, não resistem aos grandes frios de inverno, quando são jovens. Há muitas em Lisboa, tanto em praças como em avenidas. Deve ter vindo daí o modelo.
No caso da Várzea grande, terá sido uma escolha inicial errada, feita por gente pouco competente. Se assim não fora, teriam tido em conta que é uma árvore "de copa rala, arredondada, irregular, que faculta boa madeira mas fraca sombra."  Tendo em conta aqueles dispendiosos bancos, não se percebe de todo tal opção, pois apenas vão ser utilizados de noite. Se forem...
Primou portanto a vertente ornamental, espetacular, muito ao gosto saloio de algumas camadas sociais com pouco chá e escasso verniz. Como por exemplo aqueles eleitos, e respectivos apoiantes avençados, que ficam irritados quando se escreve uma evidência:  que as dispendiosas obras da Várzea grande não têm nenhuma utilidade prática, mas ficam muito bonitas nas fotografias. É mais um resultado negativo do feitio megalómano, e do cabotinismo.
Regressando aos jacarandás, está por saber se, nos termos da garantia de 12 meses, o empreiteiro vai substituir as defuntas, ou se preferirá refugiar-se numa daquelas infindáveis querelas jurídicas à portuguesa, para não as mudar. A experiência ensina que optará pelo que lhe ficar mais barato. Entretanto, os tomarenses que se vão habituando à ideia de apenas se poderem sentar na Várzea à noite, ou naqueles dias encobertos de inverno, com um frio cortante. Mesmo se mudados, e uma vez já crescidos, os jacarandás nunca darão sombra de jeito. É mais um desastre, fruto da pouca competência reinante. Como disse há poucos dias o coronel Vasco Lourenço, a propósito da reforma das forças armadas, [Os governantes] não sabem nem querem aprender e têm raiva a quem saiba."

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