Gestão turística do Convento de Cristo
NOVA SAÍDA SÓ PARA CONTRARIAR?
António Rebelo
Os que escrevemos por gosto e empenhamento cívico, (e não somos assim tantos), sabemos regra geral em que país vivemos. Uma infinidade de hortas de todos os tamanhos, cujos amanhantes detestam qualquer intromissão. Sobretudo se vier de um vizinho que nem sequer seja hortelão, o desgraçado.
Uma dessas hortas é a antiga Casa grande da Ordem, vulgarmente conhecida por Convento de Cristo, o segundo maior monumento do país, logo a seguir a Mafra, e muito mais complexo do que este, porque com edificações de diversos séculos, nem sempre bem articuladas entre si.
Dessa sumptuosa amálgama resultam, como é lógico, múltiplos problemas, quando se trata de adaptar os vários espaços a novas utilizações. Transformar uma casa de clausura num local de visita confortável para centenas de milhares de turistas anuais, não é coisa fácil, ao contrário do que possam pensar os tudólogos da praça.
Entre os vários problemas do Convento de Cristo à espera de solução há longos anos (segurança, vigilância eficaz, estruturas de acolhimento, sanitários, estacionamento, horários, visitas guiadas, circuitos de visita, guarda-bagagens, acesso para deficientes motores, etc) avulta o da entrada dos visitantes, desde a peregrina ideia, nunca até hoje explicada, do encerramento do Portal da virgem.
Tendo sido anunciado há algum tempo que ia haver obras de vulto, após as quais a entrada passaria a ser pela Portaria filipina, pensou quem estas letras alinha que era uma má solução, mas que pelo menos sempre mudava alguma coisinha, o que é melhor do que nada. Salvo quando a emenda é pior que o soneto, como parece ser o caso. Mas isso só com o uso se confirmará ou não.
Lê-se agora no Tomar na rede que, a partir de 18 de Abril. dia mundial dos monumentos, a SAÍDA passará a fazer-se pela antes citada Portaria filipina, havendo também nova loja e novos sanitários. Nestas condições, impõe-se perguntar: Então e a anunciada nova entrada, fica para melhor oportunidade? Renunciaram à prevista mudança? Acham digna a actual entrada para serviçais? (ver foto supra, copiada de Tomar na rede).
Desculpem lá meter a enxada em horta alheia, (pensam vocês). Na verdade, até me nasceram alguns dentes, enquanto guiava visitantes nessa nobre casa. No tempo em que os automóveis estacionavam no jardim, debaixo das nogueiras, ainda se entrava pelo portal manuelino e os candidatos a visitantes aguardavam na Charola. O resto estava fechado e só os guardas tinham as chaves. Mas a entrada era gratuita e o horário de visita muito mais alargado, chegando até ao pôr do sol no Verão.
Outros tempos. Menos gloriosos, mas mais proveitosos.
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