Economia local e autarquia
SÓ A ECONOMIA NOS PODE SALVAR
António Rebelo
Confrontada com a evidente falta de credibilidade, quando anuncia promessas, a presidente-candidata Anabela Freitas viu-se forçada a recorrer ao que ela julga ser a artilharia pesada da informação local. Na edição datada de amanhã, 16 de Abril, os leitores do outrora conservador semanário Cidade de Tomar vão encontrar duas doses cavalares de matéria noticiosa encomendada e paga pela autarquia..
Nada mais, nada menos que título de cinco colunas ao alto da primeira página e toda a largura da 3ª página. Financiar jornais tem essa vantagem. É-se depois tratado como um soberano. Local neste caso. Conforme consta na lápide encimando o portal do Forte príncipe de Beira, no Estado do Acre - Brasil, na fronteira com a Bolívia, a mais de cinco mil quilómetros por estrada da costa atlântica, "É vontade de sua majestade. Faça-se."
Tanto espalhafato para quê? Para reforçar a ideia de que há mesmo dois investidores interessados na salvação da PLATEX, notícia antes difundida pela presidente-candidata, porque estamos a cinco meses das próximas eleições. E a obra feita até agora não é muito convincente.
Haverá decerto dois interessados, mas o próprio administrador de insolvência já foi muito claro. Nenhum deles se mostrou disposto a salvar a empresa falida. Apenas poderão querer comprar os activos da empresa, ou seja, as instalações, a maquinaria e a mercadoria em armazém. Falta assumir o passivo, que pode assustar qualquer um. Mesmo com a fartura europeia, vinte milhões de euros -o montante dos débitos da PLATEX- ainda é uma soma de respeito.
A própria Anabela Freitas mostra não estar nada tranquila com a situação, aproveitando para tentar influenciar as partes: "Referiu também que se compreende que o administrador de insolvência pretenda vender pelo melhor preço, no entanto "não podemos ter uma visão meramente economicista".
Aí está o erro fundamental da nossa presidente-candidata. Ao contrário do que afirma, podemos e devemos ter sempre uma visão meramente economicista, salvo quando estamos a operar com dinheiros públicos e na área da economia social, também conhecida como filantropia.
Que não fiquem dúvidas. Nenhum dos investidores privados candidatos à compra da PLATEX vai pensar noutra coisa que não sejam ganhos e perdas. Porque é assim que funciona a economia. Toda a economia.
Nenhum privado pode avançar a fundo perdido com 600 mil euros para uma festa, 530 mil para subsídios, e assim sucessivamente. A não ser que se chame Bill Gates ou Jeff Bezos, que ao doarem 20 milhões, por exemplo, poupam o dobro em impostos, por causa das bonificações fiscais para doações.
Com toda uma vida na função pública, é natural que uma pessoa não entenda muito de macro-economia, economia empresarial ou economia local. Mas há quem saiba dessas coisas, designadamente na área do turismo, por exemplo, pelo que conviria pelo menos ouvir quando se recebe uma proposta. Fechar-se ao diálogo nunca ajudou ninguém. Insistir em modelos económicos caducos só pode conduzir ao desastre.
Fortaleza, onde estou a escrever, foi fundada em 1726. Celebrou no passado dia 13 295 anos de existência e está a caminho dos 3 milhões de habitantes. Tomar foi fundada em 1168, tem portanto 853 anos, muito mais do dobro de Fortaleza, mas menos de 50 mil habitantes. Porque será?
É a economia, meus irmãos na desgraça nabantina. Ao contrário do proposto por Anabela Freitas, desde sempre os autarcas e outros eleitos de Fortaleza souberam ter e manter "uma visão meramente economicista", dando todas as facilidades à iniciativa privada. Mostraram e mostram assim que não têm a triste e nefasta mentalidade de pedintes com a mania das grandezas, graças ao dinheiro extorquido aos contribuintes e às esmolas de Bruxelas.
Na equipa dirigente da Câmara Municipal, a ausência de sensibilidade, ou mesmo de entendimento, acerca do processo de desenvolvimento do Concelho, é notória, e muito preocupante.
ResponderEliminarNão que este "mal" seja desta equipa, porque já vem de trás.
Mas é esta que reclamou para si um novo rumo, com promessas mirabolantes de projetos e de investimentos.
Não fizeram mais que enganar a População, pois.
O que é muito pouco.
Esta equipa, não serve. Serve-se.