quinta-feira, 22 de abril de 2021

 




Dia a dia local

MURO DE LAMENTAÇÕES - 2

Nabão rima com poluição e ocultação

Ouvida na Assembleia da República, em conjunto com o seu homólogo de Ourém, Anabela Freitas reincidiu. Disse que há quatro poluidores do Nabão, mas não disse onde nem quem são. Porquê?. 
Na mesma sessão, o presidente de Ourém referiu novamente que se a origem da poluição fosse a que dizem, então a água do Nabão no Agroal não teria a classificação de excelente.
E andamos nisto, para entreter e cativar os eleitores.

Nabão também rima com falta de informação

Incomodado com o persistente silêncio quanto à identificação dos poluidores do Nabão, conforme texto anterior, fui indagando, indagando, indagando, até que consegui algo. Valeu-me S. Bento. O palácio, bem entendido.
Ao que me foi dito, o tal caso de ocultação dos poluidores do Nabão é ainda mais caricato do que eu julgava. A  Agência Portuguesa do Ambiente - APA, já investigou, sabe quem são os prevaricadores, mas não comunica à presidente Anabela Freitas, porque as relações entre a APA e a Câmara de Tomar são péssimas. Falta apurar porquê. 
Ora toma! Desta vez a culpa não morre solteira. Vai morrer para a APA. Será só devido às más relações? Custa a crer.

Silos Talhas e Tulhas

O sr. arqueólogo Batata referiu há poucos dias que um dos principais indícios da presença muçulmana em Tomar são os 160 silos enterrados, já identificados no núcleo histórico. Pouco sei de arqueologia e tenho só um bacharelato em história. Todavia, sem inúteis alardes, comprei e recuperei em tempos quatro pequenos prédios na freguesia de S. João Baptista. Em cada um deles encontrei, durante as obras, um poço e uma ou várias talhas enterradas. Como naquele edifício do lado poente da Sinagoga.
Graças aos restos encontrados no interior, foi possível concluir que essas talhas serviram na verdade como tulhas, para guardar azeite, cereais, enchidos, farinhas, carnes salgadas, ou vinho.
Dada a sua localização, as ditas tulhas ou talhas, feitas na rua dos Oleiros (actual Alexandre Herculano) ou na Asseiceira, são todas posteriores ao século XV, pelo motivo apontado em Muro de lamentações - 1.

Pagamento em géneros, direito de comedoria e de aposentadoria

As tulhas ou talhas, referidas na peça anterior, eram enterradas como medida de precaução. Naquela época os impostos eram pagos em géneros e a nobreza tinha, entre outros, dois privilégios hoje felizmente desaparecidos -o direito de aposentadoria e o direito de comedoria.
Em virtude do primeiro, qualquer habitante com casa era obrigado a alojar o nobre que tal exigisse, bem como a sua comitiva e cavalos. Além disso tinha de assegurar a alimentação, por causa do direito de comedoria.
Compreende-se portanto que era de toda a conveniência esconder em local seguro e dissimulado -as tulhas cobertas com palha e feno- todos os mantimentos susceptíveis de esbulho, quando se garantia aos indesejados hóspedes, ou aos meirinhos do fisco, que não havia nada para comer.
Mas parece-me claro que tal prática nada tinha a ver com muçulmanos em Tomar, pois estamos a referir factos posteriores à regularização do curso do Nabão pelo infante D. Henrique, a partir de 1420. Século XV portanto. Muito depois dos séculos IX e X mencionados pelo sr. Batata.

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