quinta-feira, 29 de abril de 2021

 

Foto Tomar na rede

Turismo e património

SE HÁ PROBLEMA GRAVE
NÃO É COMPETÊNCIA MINHA

António Rebelo

Parece ser este, infelizmente, um dos lemas da srª presidente da Câmara que temos. Desta vez tratava-se, em plena reunião do executivo, da tosca e acanhada entrada de visitantes no Convento de Cristo (ver foto). Honrando o juramento que fez, ao assumir funções, de "cumprir com lealdade", o sr. vereador Ramos, do PSD, denunciou a lamentável situação, com visitantes ao sol e à chuva, impossiblilidade de acesso para cadeiras de rodas, carrinhos de bébé, obesos, ou visitantes com canadianas. Situação tão grave que a própria directora do monumento, que não é tomarense e só veio para Tomar quando assumiu funções, reconhece que "a entrada não tem a escala e a nobreza que o monumento merece".  Maneira erudita de dizer que nem para fornecedores serve, quanto mais agora para turistas.
A resposta da Anabela Freitas foi imediata e sem apelo: "Não é competência da Câmara". O que, sendo administrativamente verdadeiro, acarreta equívocos. O restauro e manutenção dos Pegões ou de S. João Baptisra também não é "competência da Câmara", que apesar disso fuinanciou e mandou fazer obras em ambos há pouco tempo.
Por outro lado, mesmo não sendo competência, é um dever de quem lidera o concelho ser porta-voz dos protestos e anseios de todos os tomarenses junto das autoridades de tutela. Ou não? Porquê estar sempre a tentar sacudir a água do capote, como no caso da poluição do rio? No futebol é que a culpa é sempre do árbitro. Na política local já é tempo de haver um pouco mais de seriedade.
Como que a confirmar a posição inicial, a srª presidente insistiu, pesadamente, mesmo na aludida vertente de porta-voz dos tomarenses: "Não compete à Câmara opinar sobre essa questão". Porquê?
Porque "a DGPC (Direcção- Geral do Património Cultural, com sede no Palácio da Ajuda, em Lisboa) melhor saberá que alterações deve fazer para melhorar a entrada no monumento e torná-la inclusiva."
Anabela Freitas é capaz de, mais uma vez, estar cheia de razão. Afinal o lamentável problema da pobre entrada no Convento só existe desde há pouco mais de 30 anos. Que é isso, comparado com os mais de oito séculos da Charola, que fica paredes meias? Acresce que, nesta mais recente tentativa, que acaba de falhar, para resolver o problema, a DGPC não andou bem. Só tarde demais se deu conta que a Portaria filipina pode servir para saída; nunca para entrada dos visitantes, por absoluta carência de condições. Ainda que acabem por instalar ascensores com capacidade suficiente, o que não vai ser nada fácil, por falta de espaço e complexidade da construção existente, gerará um pandemónio na alta estação, pois os visitantes vão entrar quase a meio do circuito mais pequeno de visita, entre o Convento velho e o Convento novo. Exactamente o que nunca convém que aconteça: ter visitantes sem saber para onde ir. Pensem nisso, senhores do Palácio da Ajuda, que nestas coisas não ajuda nada. O ideal é vir ao local e olhar com muita atenção, porque na área do património, ao contrário do que acontece na política, o que parece por vezes não é.
No meio disto tudo, há menos de seis meses foi comunicada à srª presidente e ao sr. vice-presidente um proposta de aquisição por ajuste directo, de um Plano local de desenvolvimento turístico, que inclui uma proposta de solução para a entrada e circuitos de visita no Convento de Cristo. O sr. vice-presidente recusou liminarmente, sem qualquer diálogo prévio. A srª presidente nem sequer respondeu até agora.
Com autarcas assim, muito dificilmente Tomar conseguirá ultrapassar a doença que a aflige -a decadência. Mas há eleições em Setembro/Outubro, excelente ocasião para os tomarenses manifestarem a sua opinião. Pelo menos aqueles que não vendem o seu voto por um prato de lentilhas.

1 comentário:

  1. Este caso espelha bem a atitude generica da Presidente da Camara em relação a propostas de colaboração, gratuitas ou não, interessantes ou não, validas ou não.
    Tens cartão ou simpatias no partido socialista?
    Se tens, entra e vamos falar.
    Se não tens, não interessas, nem tu, nem as tuas ideias.

    Desgraçada terra e desgraçada população, que têm a dirigir os seus destinos gente de tão fraco calibre, que impõe criterios partidarios para filtrar qualquer tipo de iniciativa.
    E que nem sequer sabe o que quer para Tomar, salvo para servir de trampolim.

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