Poluição do rio Nabão
UMA NOTÍCIA COM ÁGUA NO BICO
António Rebelo
Uma notícia com água no bico. Água poluída do Nabão.
É estranha a notícia ontem aqui reproduzida a partir do EXPRESSO ONLINE, conforme indicado. Até mesmo um não jornalista percebe que se tratou de um despacho da Lusa que foi mal amanhado. Editado de forma menos correcta, para usar linguagem da profissão. Mas porquê? Muito provavelmente porque havia urgência na sua publicação. Se assim não fora, teriam esperado por segunda-feira, e por jornalistas mais habituados a editar notícias. Evitavam assim os dislates ontem denunciados, a que se poderiam juntar outros.
Assim tosca e mal amanhada, que nos traz a notícia que possa justificar a tal aventada urgência? Duas coisas. Primeiro a posição do ministro, a indicar que só poderá haver obras, no quadro da anunciada solução do problema, lá para o próximo ano, na melhor das hipóteses. Antes das eleições só blábláblá de circunstância.
Depois um elemento de prevenção, cuja precisão percentual é nova. Adianta-se que, mesmo após a conclusão das fabulosas obras de 20 milhões (aqui há semanas um administrador da Tejo Ambiente falou em 22 milhões, o que mostra bem o rigor destas coisas), cujo início ainda ninguém sabe quando possa ser, continuará a haver episódios de poluição no rio Nabão. Isto porque os novos colectores das ETAR de Ourém, incluindo a de Seiça, situada na freguesia da Sabacheira -Tomar, apenas permitem evitar 80% das descargas poluentes. Os restantes 20%, provenientes de lagoas e depósitos continuarão a correr para o rio quando calha, aguardando melhores dias.
Estas noticiadas percentagens, que são divulgadas pela primeira vez, colocam dois problemas principais. Por um lado, fica-se sem saber como se chegou a tais números. E surgem as perguntas: Onde? Quando? Quem?
Por outro lado, confirmam aquilo de que os tomarenses já há muito desconfiam: A câmara até pediu à população para protestar, mas continua a esconder dados essenciais. Não é crível que a maioria socialista não saiba quais são os resultados finais das várias análises efectuadas há dois anos, ou que ignore quem são os poluidores no concelho. Porque insistem em esconder tudo isso?
A conclusão que se impõe é esta: Apesar dos meritórios e recentes esforços da Câmara e da Tejo Ambiente, ambas lideradas por Anabela Freitas, tudo indica que vamos ter poluição do Nabão durante muitos anos.
Por conseguinte, nas próximas eleições, os tomarenses amantes da sua terra e do seu rio, devem votar em quem mostre maior capacidade para resolver o problema da poluição do Nabão, entre outros. A actual maioria já demonstrou que não é capaz. Esconder informações básicas nunca foi um bom método.
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