sexta-feira, 16 de abril de 2021

 





Pré-campanha eleitoral


EM PLENA REALIDADE VIRTUAL

António Rebelo

Esclarece a informação da net que, entre outros efeitos, uns agradáveis, outros nem tanto, a prolongada crise pandémica provocou o aumento da compra de capacetes e/ou óculos de realidade virtual. Aqueles aparelhómetros de colocar à frente dos olhos, para passar a ver só o que lá está a dar. Seja "live" ou gravado. (Ver foto supra)
"Em Tomar nem é preciso comprar essas coisas", confidenciou-me pessoa amiga. "Chega a presidente da Câmara, e acólitos, cujas intervenções orais são sempre um encanto."  E logo acrescentou: "Temos acesso à melhor realidade virtual, sem óculos nem capacete. Não vemos qualquer crise. Já temos dois investidores para salvar a PLATEX e os 63 postos de trabalho, mesmo com a dívida de 20 milhões de euros e maquinaria obsoleta em mau estado.
Movido pela ganância, no caso simples apetência pelo negócio, já surgiu até um representante de uma conceituada multinacional, à procura de um local para instalar entre 100 e 150 postos de trabalho de qualidade.
A reabertura da Estalagem de Santa Iria está agora garantida, uma vez que regressou a mãos tomarenses, tendo a respectiva licença de obras sido prolongada por mais 12 meses, o que significa que só depois das eleições... Tudo isto ao mesmo tempo que a câmara anuncia na imprensa 50 milhões de investimento para a habitação social  (mais 200 alojamentos), e para a recuperação do Palácio Alvim, de S. João Baptista, do Convento de S. Francisco, do Convento de Santa Iria, do CNA feminino. Como diria Camões, se mais prédios houvera mais recuperara.
Tudo isto junto com as obras da Várzea grande, que não servem para nada, mas estão uma maravilha, e com a requalificação da avenida Nun'Álvares, sem qualquer problema de estacionamento ou largura. E a cheirar a dignificação da principal entrada da cidade por todos os lados, faz de Tomar uma das melhores, senão mesmo a melhor cidade do país para se viver.
Consta até uma eventual candidatura, com vitória garantida, a "melhor destino europeu", como fez Braga, pela bagatela de 17.500 euros de inscrição, acrescidos de 70 mil euros de publicidade de apoio, após recebimento do diploma comprovativo.
Acresce o contributo da incansável vereadora da cultura, do turismo e do social, que já ordenou a reabertura do cinema, primeiro passo para os seus tão queridos eventos e vales de compras. Tudo dentro das normas rigorosas da DGS, pelo que, se vier a reaparecer qualquer surto importante de Covid19, procurem alhures que a cultura camarária nada terá tido a ver com o assunto."
(Por falar em nada terá tido a ver, aqui se saúda uma informação há muito aguardada, pelo que representa  para o desenvolvimento económico da cidade e do concelho. Refiro-me à ansiada classificação dos tabuleiros como património imaterial da UNESCO. Na sua linguagem tão recta como uma linha dentro de um bolso, dois anos e quase cem mil euros depois, a antes citada vereadora lá foi dizendo que "poderá estar para breve a inscrição da Festa dos tabuleiros como património imaterial nacional", a primeira etapa, e a mais fácil, para o desejado galardão, que em termos práticos também não serve rigorosamente para nada, (para além do respectivo diploma, se chegar a vir, ficar muito bem pendurado numa parede, ou a guarnecer um mostruário de museu), como já se viu no caso do fado, ou da loiça preta de Bizalhães. 
Destaque para a fórmula "poderá estar para breve" que pertence ao conhecido grupo do "não me comprometa". Desejando ajudar, sugiro para uma próxima vez, a fórmula "com alguma sorte, poderá eventualmente e na melhor das hipóteses estar para breve...") 
Nem a falar são substantivos alguns dos nossos eleitos.
"Seria uma injustiça tremenda terminar a informação sem referir a previsível, grande e folgada vitória de Anabela Freitas nas autárquicas, mesmo sendo evidente, na forma como fala e porque está nos seus olhos, que  nem ela própria sabe como nem para quê."
Concluindo, a realidade virtual é uma maravilha técnica. O problema é a inevitável e posterior descida à terra e ao dia-a-dia cada vez pior. Mas percebe-se a sua utilidade, uma vez que entretanto já foram contados os votos e esse é que era o objectivo principal.

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