domingo, 11 de abril de 2021




Autárquicas 2021

ERRAR E MESMO ASSIM VENCER? 
É DIFÍCIL...

António Rebelo

A cinco meses do próximo acto eleitoral,  factores convergentes indicam que vamos ter uma pugna animada em Tomar, apesar de tudo. Este apesar de tudo refere-se ao estranho comportamento do PSD local.
Sendo certo que a oposição não ganha eleições, quem está no poder é que as perde por vezes, temos de reconhecer que em Tomar os social-democratas dispunham à partida de alguns trunfos. Os dois principais eram o cabeça de lista e a eventual coligação ampla.
Quanto ao líder da lista, em vez de optarem por alguém claramente diferente, preferiram uma senhora que é a cópia quase conforme de Anabela Freitas. Prevaleceu o desejo mimético, aquela atitude pouco ponderada que consiste afinal naquilo a que chamamos inveja. Ai ela é presidente?! Também quero ser! Temos assim, como se diz por aí, duas candidatas que são farinha do mesmo saco, boné branco contra branco boné.
Desperdiçado o primeiro trunfo, sem glória alguma, não tardou que o mesmo sucedesse com o segundo. Nesta altura, tudo aponta no sentido de, em vez de uma ampla coligação, não haver coligação nenhuma. Ao contrário do que acontece em Ourém e Torres Novas, por exemplo.
Resta assim a última hipótese -um projecto robusto e adequado, resumido num bom programa. O problema é que na política, sobretudo ao nível local, os bons projectos são como a água no deserto. Extremamente raros. Porque não há quem os saiba fazer.
Tudo parece indicar, por conseguinte, que vamos ter mais um embate PS/PSD, em igualdade de circunstâncias. Praticamente empatados. Uns têm governado mal a autarquia, enquanto os outros têm governado mal o partido. 
Em 2013, com o PSD de rastos,  o PS venceu, de forma algo inesperada, com mais 281 votos. Em 2017, graças a uma manobra eleitoral de última hora, voltou a ganhar, ampliando a diferença para 1.155 votos, mas neste caso com apenas dois grandes contendores, num universo de 19.820 votantes.
Sucede que, em 2021, a situação se apresenta bem mais complicada, sobretudo para o PS. Não há margem para nova manobra com os desaparecidos IpT, restando-lhe apenas a eventualidade de uma geringonça local, hipótese que parece pouco realista. 
Mesmo se PCP e BE estivessem de acordo, ninguém está a ver um futuro executivo socialista com Bruno Graça e Maria da Luz, em vez de Filipa Fernandes e Helder Henriques. Mas tudo é possível...
Em qualquer caso, com ou sem geringonça, com ou sem coligação, o embate das titãzinhas locais vai ser bem renhido. Contas feitas, enquanto em 2017 se tratou de dividir um bolo eleitoral de 19.820 votantes, sobretudo por dois, desta feita fizeram-se convidados outros dois competidores gulosos. O CDS conseguiu um excelente candidato, bem capaz de ultrapassar largamente os tradicionais 600 votos do partido. E o Chega aspira naturalmente a ultrapassar os 2 mil votos alcançados no concelho pelo seu fundador, nas recentes presidenciais.
Nestas condições, se subtrairmos aos 18.848 votantes de 2019, 7.300 votos do conjunto Brancos e nulos + CDU + BE + CDS + Chega, resta um total de 11.500 sufrágios expressos, ou seja potencialmente 5.750 para cada um dos grandes. Para partidos habituados a obter no concelho resultados superiores a 6 mil votos, temos de reconhecer que é uma fatiota um bocado  apertada. Que representa o regresso a 2013, quando ambos obtiveram menos de 5.500 votos.
Uma miséria, que devia merecer atenta reflexão, num concelho em acentuada crise, com 34.031 eleitores inscritos, dos quais apenas metade vota. Por enquanto.

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