Com a informação local tradicional no seu posicionamento de sempre, excluindo as peças deliciosas de Carlos Carvalheiro. Com o Thomar opinião, que chegou a ser a grande esperança do serralho opinativo nabantino, inactivo desde 1 de Agosto. Com o Leonardo Capricho a debitar no Tomar na rede uma visão da política local bem escrita, mas escancaradamente deformada pelas suas lentes laranja. É tempo de pensar nos tomarenses que ainda continuam a ter coragem para ler sobre as coisas nossas e só nossas. Aqui do vale do Nabão.
Resolvi por isso abordar a actual situação política local sob a forma de telenovela. Afinal aquilo de que as pessoas gostam, essencialmente porque conseguem entender. O que na vivida realidade quotidiana nem sempre é fácil.
Sendo as peripécias autárquicas até agora ocorridas do conhecimento de todos os interessados nestas coisas, convém apreciar com o detalhe possível a actuação de cada uma das sete personagens executivas, algumas das quais a merecer tal qualificativo apenas e só porque integram um órgão executivo.
A oficialmente timoneira da barca tomarense é uma boa pessoa. É honesta, simpática, veste bem, fala bem e tem presença. Infelizmente para ela, já demonstrou que afinal não sabe ou não quer ou não consegue usar adequadamente o leme. Porque não tem qualquer projecto sólido e realista ou sequer ideias para mandar elaborar tal coisa. O que a coloca na pouco cómoda situação já mencionada por Lincoln: Não é possível enganar muita gente durante muito tempo. Pelo que, não sendo possível gerar segunda vez uma primeira boa impressão e desvanecida esta, se o PS insistir em Anabela Freitas como candidata a segundo mandato, o PSD está condenado a ganhar, apesar de o não merecer. A menos que apresente um candidato capaz. O Tó Lourenço, pois claro! Com um programa substantivo, evidentemente.
O vice-timoneiro local vai demonstrando pouco a pouco que sabe de navegação e que aprende bem e depressa. Com o tempo, se assim o entender, poderá vir a ser um grande político local e até nacional. Oxalá saiba, como até agora, manter a calma e respeitar os timings. Neste mandato tem sido o assistente social e o bombeiro de serviço. Assim algo como o executivo eficaz do presidente-sombra Bruno Graça. E isso tem-se notado. De forma positiva.
Ex-vice-timoneiro, Serrano foi afastado e depois parcialmente cooptado, numa séria de manobras lideradas, ou no mínimo teleguiadas de facto, por Bruno Graça e até ao presente nunca cabalmente esclarecidas. No estado actual das coisas, parece que o brilhante arquitecto terá sido vítima do conclave dos instalados na autarquia. Ele sabe a quem me refiro. Mas pode não ser o caso. De qualquer forma, é visível a olho nu que deixou de se sentir confortável como elemento do actual elenco.
Os simpáticos figurantes laranja não têm desgraçadamente passado disso mesmo. Personagens a quem o realizador se terá esquecido de explicar que papel ou papéis devem desempenhar. E isso nota-se. Flutuam em cada reunião com aquele ar de náufragos em plena tempestade, sem bote de salvação à vista. Melhor fora para todos, incluindo eles próprios, que abandonassem o barco, deixando a outros mais treinados a tarefa tão pouco adequada mas tão exigente que lhes calhou na rifa.. Se existirem no partido esses outros, bem entendido...
Pedro Marques, já aqui o escrevi, mas sou forçado a repetir, por uma questão de coerência, sendo um bom cidadão, é também um caso de pura obstinação. De evidente relapsia, para usar uma linguagem mais conforme com a sua condição de ilustre causídico. Está afinal numa posição que poucos entenderão. Por ali anda, como permanente testemunho e testemunha do passado. Daquilo que já foi. E por conseguinte, sem vislumbre de qualquer futuro mais prometedor. Porquê e para quê então insistir? Tal como Roma não pagava a traidores, o eleitorado tomarense já mostrou várias vezes que não paga a teimosos.
Deixei para o fim a encapotada figura central desta telenovela Tomar a sangrar. Chama-se Bruno Graça e é vereador independente pela CDU. Vem dirigindo de facto a autarquia por intermédio da presidente e do seu vice, pelo menos desde que teve a coragem de exigir e obteve o afastamento do anterior chefe de gabinete. Até agora já resolveu o complexo problema do mercado municipal, teve atitude decisiva no recente desfecho do imbróglio ParqT e está a fazer um bom trabalho na área da limpeza e recolha do lixo. Não é nada pouco, nesta terra tão carecida.
Vou até ser ousado. Creio que o PS poderá ganhar as autárquicas de 2017 em Tomar com maioria absoluta, caso apresente um programa sólido. E uma lista encabeçada pelo actual vereador da CDU, acompanhado pela Anabela, pelo Hugo e pelo Serrano (se aceitar). Estou a sonhar? Talvez não! Afinal Bruno Graça até já integrou a bancada socialista na Assembleia Municipal, como deputado municipal independente, tendo nessa altura procurado sem êxito implementar novo método de trabalho na secção local rosa. Bem sei que foi no século passado, mas cesteiro que faz um cesto...
Então e o PSD, interroga-se o leitor, sobretudo se vota usualmente laranja? Pois o PSD, julgo eu, só tem a hipótese António Lourenço. Que mesmo muito bem assessorado e acolitado não terá tarefa fácil, se tiver o Bruno como adversário socialista. Mas sem ele será o naufrágio completo. Como sucedeu com Carlos Carrão, de quem se dizia, antes da votação fatal, que "ganha de certeza". Viu-se.
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