quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Que rica sinalização turística! - 1

Políticos e cabeças pensantes locais convergem neste diagnóstico rápido: O futuro de Tomar passa forçosamente pela área do turismo. Quem diz turismo está falando, mesmo sem disso se dar conta, de vias de comunicação, de oferta hoteleira e gastronómica, de recursos paisagísticos e monumentais, mas também de sinalização adequada. São as chamadas infraestruturas mínimas, sem as quais... Sendo assim, qual é a situação actual nesta antiga capital templária?
Quanto a vias de comunicação, com a A 13 e o IC 9 estamos assaz bem servidos. Outro tanto acontece com a área do alojamento e da alimentação, bem como em termos de monumentos e paisagens. Na área da sinalização é que as coisas não vão bem. Nada bem mesmo. Como se passa a tentar demonstrar.
Nestas coisas da sinalização, sobretudo vertical, há que estabelecer previamente a quem se destinam os sinais a implantar. Aos automobilistas? Todos? Só aos ligeiros? Ligeiros e pesados? Só pesados? Só autocarros? Também para pedestres? O triste panorama tomarense existente nesta área mostra à evidência que tais aspectos nunca foram capazmente ponderados. Apesar da autarquia contar com bastos recursos na área dos técnicos superiores. Vamos aos factos.
Suponha a leitora ou leitor que, estando ali pelas bandas da Nazaré, Alcobaça, Batalha, Leiria ou Fátima, resolve dar um pulo a Tomar. Vem naturalmente para visitar o Convento de Cristo e, eventualmente, também a cidade antiga. Utiliza o IC 9, que é gratuito, e sai em "Carregueiros/Tomar oeste". Chegada ao final da Rua de Leiria, ali à ilharga do jardim da Várzea Pequena,  vê-se perante uma perigosa e ridícula micro-rotunda (que nada justifica, a não ser o desmazelo tomarense) e olha para este conjunto de placas sinaléticas:

Diz então para os seus botões, já com o carro parado do lado direito, para ter tempo de arrumar as ideias: Para Lisboa é prematuro. Acabo de chegar. Hospital, felizmente não preciso. Câmara municipal, nunca me constou que seja visitável. Campismo nunca mais, após aquelas noites ao relento durante a guerra colonial. Eu quero é ir ao Convento. Mas por onde?
À falta de melhor, vamos lá então para o parque P1. Logo se vê se o Centro histórico vale a pena e se há enfim indicações para chegar ao Convento.
Deixado o carro no parque P1, você encontra-se então na praça principal da urbe, olhando desesperadamente para todos os lados, em busca de sinalização que não existe. Resolve por isso perguntar a um passante, que lhe indica a Rua Direita, acrescentando logo "vire à direita na rua com árvores, onde também não há qualquer sinalização turística". Teve sorte. Também podia ter calhado com um residente dizendo-lhe que não sabe nada disso. Já aconteceu.
E lá vai você finalmente rumo ao Convento, em cuja proximidade muito dificilmente encontra estacionamento durante a época alta. Já se conseguiu desenrascar? Resta-lhe agora desembolsar os 6 euritos para uma visita sem guia e, finda esta, zarpar desta estranha urbe o mais depressa possível. Chatices já uma pessoa tem que chegue na sua terra...
Agora imagine que, mais complicado ainda, você é o condutor ou o guia de um grupo de turistas viajando em autocarro, coisa muito comum nos dias que correm, e nunca esteve nesta abençoada cidade. Chegado à Várzea Pequena, em busca do caminho mais curto para o Convento, o que faz? Toma a direcção do centro histórico, indicada na respectiva placa? E depois sai como e por onde?
Se, em ligeiro ou autocarro, teve a sorte de não escolher nenhuma das opções constantes da sinalética em questão, continuou em frente e vê, logo mais adiante, estas indicações:


Como ainda não precisa de alojamento, nem dos serviços dos correios, fica decerto matutando "Museu de arte? Que arte? Rupestre? Maori? Inca? Chinesa? Árabe? Pois não canse a cabeça, caro visitante. Não adianta. O museu está fechado há mais de um ano. A câmara é que ainda não teve disponibilidade para mandar retirar a placa. Falta de pessoal talvez...
Ignore portanto tal sinalização tão rasca e siga em frente. Na próxima rotunda vai encontrar finalmente uma indicação "Convento de Cristo". Estacione onde puder e visite, que vale bem a pena. Depois vá-se embora, se não quer perder rapidamente o sono, pensando em tanta incompetência e tanto dinheiro mal gasto em vencimentos e materiais desnecessários...

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