"Quando o total de funcionários municipais ultrapassa a relação um por mil e quinhentos habitantes, esse concelho está condenado à morte a médio/longo prazo. Isto porque a população dá corda aos sapatos, demasiado castigada por exorbitantes impostos e taxas locais, indispensáveis para pagar funcionários nitidamente excedentários". Assim falou o meu oráculo parisiense, a quem chamei secretário do Lafontaine, (nesta altura a residir em Versalhes por ser mais barato que Paris e distar apenas 16 quilómetros), conforme disse no texto anterior. Trata-se agora de verificar se tem razão.
Vista parcial do palácio de Versalhes, com a longa fila de visitantes no primeiro plano. Apesar do custo muito elevado, cada ingresso custa 25 euros/pessoa, o tempo de espera chega a ultrapassar nesta altura do ano a hora e meia.
Analisemos então, de forma forçosamente sumária, o caso de dois concelhos vizinhos, praticamente confinantes: Leiria e Tomar. Segundo dados do INE, em 1981 Leiria tinha 96.517 residentes e Tomar 45.672, ou seja praticamente metade. Trinta anos mais tarde, em 2011, a situação é já bastante diferente. A população leiriense aumenta para 126.897, enquanto que a de Tomar diminui para 40.677. Passou de metade para apenas um terço. Um crescimento populacional de 30.380 habitantes em Leiria, contra uma redução de 4.995 em Tomar. Porquê uma tão acentuada diferença, entre concelhos que distam apenas 40 quilómetros entre si?
Cada um só poderá encontrar as respostas que procurar. Infelizmente em Tomar, a autarquia que temos não tem o hábito de formular perguntas, quanto mais agora de procurar respostas, que sabe de antemão serem desfavoráveis e muito incomodativas. No caso presente, partindo do axioma referido no primeiro parágrafo, actualmente o concelho de Leiria tem 113.124 eleitores inscritos e emprega 633 funcionários. Ou seja, um funcionário por cada 1.787 habitantes. Inversamente, o concelho de Tomar está reduzido a 37.281 eleitores inscritos, mas conta com 520 funcionários. Um funcionário por cada 710 habitantes. E apesar desta diferença abissal, nesta abençoada terra outrora capital templária, há falta de pessoal, designadamente para limpar as ervas dos passeios. Ou para recolher o lixo atempadamente.
Na minha opinião está assim confirmada a hipótese indicada pelo meu oráculo parisiense. Pagamos por exemplo a água mais cara de toda a zona centro, devido às taxas exorbitantes que lhe estão agregadas, sobretudo para pagar funcionários municipais supérfluos. O que me leva a dizer que, na actual situação, não temos infelizmente uma autarquia ao serviço de toda a população. Temos apenas um município ao serviço dos funcionários que asila. Lamento dizê-o, mas é assim que vejo as coisas.
É claro que nada tenho contra os ditos funcionários, a quem reconheço o direito ao emprego e à segurança do dito. Sucede contudo que também estimo muito os militares, mas não toleraria umas forças armadas nitidamente excedentárias e por isso parcialmente supérfluas...
Concluindo. Com medo de perder os respectivos votos, os aprendizes políticos que vamos tendo por estas bandas nada ousam contra este triste estado de coisas. Aparentemente não os apoquenta o facto de a população tomarense ir encolhendo cada vez mais, contando agora com menos 3 mil residentes em relação a 2006.
Por este caminho, para onde vamos?
Depois não venham dizer que ninguém vos avisou!
anfrarebelo@gmail.com
anfrarebelo@gmail.com
Sem comentários:
Enviar um comentário