sábado, 27 de agosto de 2016

Caracterizando o problema

A questão do privilégio de estacionamento, que o executivo municipal decidiu conceder aos moradores da Alameda, e que eu resolvi contestar junto do Provedor de justiça, está a provocar uma bela celeuma. O leitor interessado fará o favor de clicar Tomar na rede e aí ler os comentários ao texto "Cidadão apresenta queixa... contra câmara de Tomar", de 25-08-2016. Impõe-se por isso uma recentragem do problema, tanta é a ignorância aí revelada.
Antes da generalização do automóvel, os cidadãos dispunham da chamada tracção animal. Cavalos, burros, machos ou bois eram o motor de carros, carroças, galeras, tipóias, charretes, landaus e por aí adiante. Naturalmente que a sua disseminação era bem inferior à dos actuais veículos automóveis, mas por outro lado os seus "motores" eram outrossim bem mais poluentes, ainda que com poluições mais feias mas menos nocivas para a saúde.
Pois nesses tempos, que duraram entre nós até à primeira metade do século passado, cada proprietário de animais ou veículos de tracção animal era obrigado a dispôr de arrecadação para os carros e de curral ou cavalariça para as alimárias. Ainda hoje assim é, quando se possui animal de tiro ou veículo hipomovido. Donde me parece resultar que a autarquia não tem qualquer obrigação legal de propiciar lugares de estacionamento, gratuitos ou tarifados, para os cidadãos residentes, proprietários de veículos a motor. É apenas a ignorância histórica, a ganância e a mal disfarçada caça ao voto (necessidade a quanto obrigas!), que leva os senhores membros do executivo a confundir as coisas. 
Se assim não fora, pelo menos na cidade antiga e para já, bastaria uma deliberação tão simples quanto isto: É proibido o trânsito e o estacionamento fora dos locais tarifados em toda a zona da cidade antiga, excepto para cargas e descargas, veículos de urgência e acesso aos parques ou garagens.
Evitar-se-iam assim os desmandos que por aí há, a progressiva invasão dos inestéticos pilaretes e sinais de trânsito de todo o tipo, que geralmente ninguém lê nem respeita (como demonstra a colocação dos pilaretes), lembrando ao mesmo tempo na prática que é dever de cada cidadão cuidar dos seus pertences e necessidades essenciais, sem estar atido só à acção da autarquia ou do governo. 
Mas se calhar estou a pedir demasiado. O costume.

anfrarebelo@gmail.com

1 comentário:

  1. Este alarido todo ao torno deste tema, só prova que Tomar ainda é uma Aldeia em ponto grande. Gostaria de ver estes aldeões a viver numa grande Cidade.

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