terça-feira, 12 de julho de 2022

 


O inaceitável e violento aumento 

do tarifário Tejo Ambiente

Mesmo num  clima pouco salubre em termos democráticos, nomeadamente quanto ao exercício da liberdade de informar e ser informado,  manda a persistência, herdada com a idade, insistir nalguns aspectos mais gravosos, entre os quais avulta nesta altura o escândalo Tejo Ambiente. Leu bem - o escândalo Tejo Ambiente. Que engloba falsidades, desonestidades, oportunismos e outros excessos vários.

Nunca li os documentos apresentados e debatidos na AM sobre a Tejo Ambiente. Mas sei tratar-se de uma empresa funcionando em regime de monopólio de facto e cobrando taxas públicas. Por conseguinte, cumpre averiguar se, ao votarem os recentes documentos, os senhores deputados municipais estavam conscientes da gravidade e complexidade do assunto.

Com efeito, além de funcionar em regime de monopólio de facto, caso único em Portugal, em conjunto com as outras distribuidoras em baixa, cada uma com os seus feudos, a Tejo Ambiente cobra também as taxas de saneamento e de resíduos sólidos, que são impostos municipais. Significa isto, não só que os consumidores não podem escolher o fornecedor, como na luz, por exemplo, o que contraria directivas europeias, como são obrigados a consumir, pois todos os residentes são legalmente forçados a ligar-se à rede adutora, mesmo que disponham de furos ou poços. E uma vez efectuada essa ligação, têm de pagar as taxas de tratamento de esgotos e de resíduos sólidos, mesmo quando os efluentes provadamente não são tratados, em pelo menos uma determinada zona urbana de Tomar. Forçados a pagar um serviço público do qual não beneficiam.

Há portanto, em simultâneo, ilegalidade, consumo forçado e impostos indevidos. De facto, ao alegar a necessidade de aumentar o seu tarifário em 23%, para equilibrar as contas de exploração, a Tejo Ambiente não mencionou em lado algum (que se saiba) que isso implica um aumento igual das taxas de saneamento e de resíduos, uma vez que são calculadas percentualmente sobre o custo do consumo de água.

Os senhores deputados municipais pensaram nisto, quando votaram ou se abstiveram, na questão do aumento da água? Ponderaram que pode haver razões fortes para equilibrar as contas da Tejo Ambiente, mas nenhuma para o aumento das taxas municipais, a não ser a ganância da actual maioria, e a sua exagerada apetência por festas, festinhas e festarolas, subsídios e ajustes directos, tudo na mira de  votos futuros?

Ainda não está claro no vosso espírito? Mais uma achega: O aumento médio de 23% serve para tentar equilibrar as contas da Tejo Ambiente (embora não seja suficiente, pois já se prevê mais um outro, de 10 ou 15%, para Janeiro próximo). Cobrir os custos da água "em alta", das roturas, da manutenção, do pessoal,  e da administração. Pelo contrário, o aumento das obrigatórias taxas anexas, vai servir para quê?

É meu entendimento, e decerto não estou só, que quanto mais cedo acabarem com a Tejo Ambiente, regressando ao satus quo ante, melhor será para todos em Tomar. Numa situação de acentuada fuga da população, alguém está a ver cidadãos a vir fixar-se num concelho em crise, com a água e as taxas municipais 23% mais caras, quando a inflação é de 8%, e já se perfila novo aumento no horizonte? A este ritmo quem vai aguentar?

Diz o povo que "quem quer festa, sua-lhe a testa. " Neste caso parece ser um pouco diferente: "Quem quer favores e festas, paga depois asneiras destas."

1 comentário:

  1. Acredito que a democracia seja o menos mau de alguns dos ditos regimes mais evoluídos !
    No entanto o que acima está exposto é o pior do referido regime !

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