Fuga da população
Procurar as causas
do principal factor
da decadência tomarense
À primeira vista, nada incomoda os tomarenses em geral. Mesmo o gravoso aumento da água, para mais em tempo de forte inflação, não parece mobilizar a população atingida. Na informação local, totalmente condicionada pelo poder instalado, apenas se publicam os temas mandados ou indicados pela autarquia, bem como umas notícias tipo vida corrente. Nada de análises, nada de opiniões marcantes, nada de temas sensíveis. Em Tomar, o poder manda e os servos obedecem, calados e quedos. Ou quase.
Entretanto, a cidade e o concelho vão definhando, a olhos vistos. Temos hoje pouco mais do que a mesma população de há 50 anos, o que não é nada promissor em termos de futuro. Mas, quando se aborda a questão com aqueles tomarenses que ainda não perderam o hábito saudável de pensar, a resposta é pronta: -Abrantes está ainda pior. O que sendo verdade, não nos ajuda nada, nem explica grande coisa.
Abrantes tem hoje menos eleitores inscritos que em 1976, o que a relegou do primeiro lugar na agora subregião do Médio Tejo, para a 3ª posição, enquanto Ourém fez o percurso inverso. Em 1976 eram o 3º concelho quanto a eleitores inscritos, agora são o primeiro. E Tomar mantém-se no meio desde 1976. Mediania é muito tomarense.
Em termos partidários, enquanto Abrantes é praticamente um feudo do PS desde 1976, com apenas um presidente PSD, e tem agora 5 eleitos PS em 7, com 9.620 votos, Ourém está do lado oposto. Larga maioria PSD, de 13.809 votos, 6 vereadores em 7, e apenas 2 mandatos PS desde 1976.
No meio, onde costuma residir a virtude, temos a decadente Tomar. 7 mandatos PSD, 6 mandatos PS e uma curta maioria absoluta actual, com apenas 7.157 votos e 4 eleitos em 7. Apesar disso, os membros da actual maioria rosa agem por vezes como se fossem os donos da quinta. E quando atacados respondem com a legitimidade democrática, que é incontestável e não está em causa. Arrogância a mais, défice de bom senso e bom gosto.
Convém por isso ter sempre em conta que os actuais eleitos PS nabantinos conseguiram apenas sete mil e poucos votos, num universo de 33 mil inscritos. O que dá uma percentagem inferior a 25%. Convenhamos que, em termos democráticos, há bem melhor. Em Ourém ou Abrantes, por exemplo, para não irmos mais longe, conforme dados supra. Por conseguinte, a humildade é uma atitude que fica sempre bem. Sobretudo nos políticos.
Serve este módico de modéstia para aconselhar aos respeitáveis autarcas tomarenses do topo, mais recato, mais abertura de espírito, mais humildade e mais sentido da realidade. Conviria igualmente, a bem de toda a comunidade, transitar quanto antes da situação de "sempre em festa", bastante cara em euros, para a de "sempre a estudar os problemas e a ouvir os eleitores", muito mais barata e produtiva.
E enveredar, como dizia o outro, pela via da busca da causa das coisas. Para começar, reconhecendo o óbvio. Nesta altura, o principal problema tomarense é a acentuada fuga da população. Urge portanto tentar perceber quais são as causas dessa emigração. Deixar-se de argumentos enganadores, do tipo "é da interioridade" ou "nos outros concelhos está a acontecer o mesmo".
As perguntas que se impõem, e às quais é urgente responder de forma fundamentada, são: PORQUÊ? QUAIS AS CAUSAS DO FENÓMENO? QUAL A SUA REAL DIMENSÃO? Sem essas respostas nada feito, e quanto mais tarde, pior maré.
Uma vez que o PSD não parece nada interessado, nesta ou em qualquer outra matéria, deve a autarquia (Câmara e/ou AM) aproveitar e providenciar no sentido de ser feito um estudo, liderado por universitários capazes, susceptível de responder às questões supra. Porque sem essas respostas, nunca vai ser possível superar o rombo demográfico, e Tomar está a esvair-se. É essencial e urgente!
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